Luanda - Três anos depois da implosão do escândalo do BESA, o presidente do parlamento angolano, Fernando Dias dos Santos, «Nandó», não só quebrou um prolongado silêncio, como também negou o seu envolvimento no caso. É o primeiro titular de um cargo público a demarcar-se, ainda que tenha sido forçado a fazê-lo em resposta a uma interpelação feita por um deputado da Oposição. Mais do que negar, «Nandó» desafiou às pessoas a apresentarem provas contra si. Está no seu direito de defender o seu bom nome e reputação.

Fonte: Facebook

Em boa verdade, «Nando» não é a primeira pessoa, dentre os supostos devedores do BESA, a lançar o desafio. Conheço o caso de uma empresária, cuja identidade prefiro ocultar, que, atolada numa pilha de processos judiciais, desafiara há coisa de dois anos os seus oponentes a apresentarem provas contra ela, embora existissem documentos de escrituras lavradas em cartório de que ela havia contraído uma milionária divida ao BESA colocando sob penhora vários imóveis que faziam parte do acervo hereditário em disputa.


Em 2014, quando este assunto foi desvendado, Álvaro Sobrinho, o «artista» que congeminou a «engenharia financeira» do BESA, havia revelado que o seu banco perdera o rasto das pessoas que tinham contraído créditos naquela instituição financeira...

Mais tarde, soube-se de fontes convergentes que dos 5,7 mil milhões de dólares, 745 milhões terão ido parar às mãos do próprio Álvaro Sobrinho e familiares. O site Makangola disse a propósito que uma boa fatia do dinheiro terá sido generosamente cedida a «figuras conhecidas do regime angolano, incluindo membros do BP do MPLA».

 

A opacidade que envolveu o processo e os desenvolvidos que se lhe seguiram pode levar facilmente à conclusão que as provas destes milionários empréstimos terão sido apagadas ou alguém encarregou-se de dar o «competente» sumiço aos documentos físicos ou/ e suportes informáticos...

 

Curiosamente, esta semana a sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda (TPL) começou a intimar alguns credores insolventes, sintomaticamente ligados à arraia-miúda! Admitindo-se que o BESA perdeu o rasto dos credores, como, aliás, alegou o próprio Álvaro Sobrinho, é caso para perguntar com base em quê o tribunal intimou os devedores? De memória, com base em cadastros dos devedores ou em processos movidos pelo BESA? A opinião pública está expectante quanto ao desfecho deste processo iniciado pelo TPL, embora pairem muitas dúvidas sobre a seriedade do mesmo…


Depois do recente pronunciamento feito pelo Presidente da AN sobre o assunto, e conhecendo os meandros com que se cose a nossa (in) justiça, tenho sérias dúvidas que o «caso BESA» venha a conhecer a luz do dia…
Pelo andar da carruagem, não me admiraria que um dia alguém venha dizer que o escândalo do BESA terá sido mais uma invenção/conspiração da imprensa portuguesa e dos sectores mais saudosistas do colonialismo com o objectivo de sujar a honra e a dignidade dos governantes angolanos… Pelos vistos, não falta muito!