Luanda -  A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida (Anaso), uma organização não-governamental, rejeita que a taxa de prevalência da doença no país seja apenas 2,1%, conforme estimativa das autoridades governamentais, aludindo à mortalidade que se regista.

Fonte: Lusa

"Porque nós sabemos que morrem muitas pessoas em Angola com o Sida e nós ainda não somos capazes de chegar aos sítios mais recônditos do país para o diagnóstico, aí onde a promiscuidade sexual existe", disse Teresa Cohen, presidente da Anaso, organização criada em 1994.

 

A responsável falava hoje, em Luanda, durante a cerimónia de abertura de um seminário sobre liderança e gestão de projetos para as organizações da sociedade civil em Angola, organizado pela Anaso, tendo exortado ao empenho das organizações da sociedade civil angolana "para que a taxa de prevalência de Angola seja verdadeira".

 

"Não acredito muito na taxa de prevalência de 2,1% para Angola", apontou, explicando que para este número estar correto devem estar a "morrer muitos" dos que nascem infetados.

 

O Instituto Nacional de Luta contra a Sida estima que cerca de 300.000 pessoas estejam a viver com o VIH entre homens, mulheres e crianças numa taxa de prevalência de 2,1% da população.

 

A Anaso, porém, estima que a epidemia afetou já cerca de meio milhão de pessoas, sendo que apenas 215.000 estão a ser acompanhadas e apenas 78.000 estão a beneficiar de terapia antirretroviral.

 

Teresa Cohen disse estar "muitas vezes animada e outras desiludida" com os resultados das ações em torno do combate do VIH/SIDA em Angola, pelo facto de "esperar muito" da Comissão Nacional de Luta contra a Sida e a Lei da Sida, tendo ainda "lamentado" o facto de passados mais de 20 anos de atividade, a Anaso não ter sido reconhecida com o estatuto de instituição de utilidade pública.

 

"Desde que começamos a trabalhar muitas outras intuições que do meu ponto de vista não têm tanta força social e política já são instituições de utilidade pública e têm o apoio do governo. A Anaso não é até hoje reconhecida como instituição de utilidade pública, por este facto nos socorremos dos doadores", concluiu.