Luanda - A analista de assuntos económicos com o pelouro de África nas Nações Unidas disse esta quarta-feira à Lusa que a divulgação da recessão de 4,7% em Angola, de janeiro a setembro de 2016, obriga a rever as previsões.

Fonte: Lusa

“Esses números não foram incluídos nas previsões divulgadas na terça-feira no relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspetivas de 2017”, disse Helena Afonso, depois de a Lusa ter divulgado que a economia de Angola sofreu uma contração de 4,7%, em média, nos três primeiros trimestres do ano passado.

 

“Para Angola, revimos o crescimento de 2016 em baixa face ao nosso relatório anterior e não esperamos um crescimento acima de 1,5% este ano, havendo a possibilidade de contração ou de um crescimento pouco significativo no ano passado”, disse a analista portuguesa que trabalhou na preparação do relatório divulgado na terça-feira.

 

Em entrevista à Lusa a propósito da atualização de maio do relatório sobre a economia mundial lançado em janeiro, Helena Afonso lembrou que “a economia de Angola está muito ligada aos hidrocarbonetos” e salientou que a ONU espera “algum melhoramento devido ao aumento ligeiro do preço do petróleo, que deverá continuar baixo, à volta dos 60 dólares nos próximos cinco anos”.

 

Para a analista económica com o pelouro dos assuntos africanos, “há sobre Angola um sentimento de confiança no turismo, na manufatura e nos transportes, portanto espera-se que em 2017 e 2018 o crescimento mostre alguma evolução positiva, mas muito moderado”.

 

A perspetiva de evolução da economia africana, no geral, degradou-se ligeiramente, essencialmente porque “a recuperação económica suave de muitos países exportadores de matérias-primas foi eclipsada por pressões internas e regionais”, aponta o documento, que apresenta uma previsão de crescimento de 2,9% para este ano e de 3,6% para 2018, o que representa uma revisão em baixa de 0,3 e 0,2 pontos para este e o próximo ano.

 

O relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspetivas de 2017, das Nações Unidas, aponta para um “crescimento modesto” neste e no próximo ano, mas ainda insuficiente para um progresso rápida para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

 

De acordo com o relatório, divulgado terça-feira em Nova Iorque e que atualiza o documento de janeiro, a economia mundial deverá crescer 2,7% este ano e 2,9% em 2018, uma aceleração face aos 2,3% do ano passado, mas ainda assim “a força da recuperação continua a ser insuficiente em muitas regiões para um progresso rápido para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

 

São precisos, dizem os peritos das Nações Unidas, “mais esforços para criar um ambiente que pode acelerar o crescimento a médio prazo e combater a pobreza através de políticas que lidem com as desigualdades no rendimento e nas oportunidades”.