Luanda - O candidato do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço, disse, num dos actos de sua apresentação pública, numas das províncias do país, que, também, devemos ter ricos. Por conceito, os ricos são indivíduos com uma acumulação de investimento/património fixo e líquido considerável. Os teóricos da economia clássica, da geração de Adam Smith, terão definido a riqueza como um factor dependente da produção de bens intermediários e finais de forma autossuficiente e sustentável. Estes mesmos teóricos, sobre tudo o economista David Ricard, terão concluído que algumas nações serão mais ricas do que as outras, devidos aos seus meios de produção, conhecimento, trabalho e terra. Para Ricard, cada economia vai obter uma vantagem produtiva em relação a outra e isto se confirmou nos dias de hoje: apenas poucas nações, por exemplo, produzem aviões. Aí está a certeza de Ricard.

Fonte: Club-k.net

Mas os clássicos disserem mais. Acreditavam e acreditam que uma economia só cresce com um mercado livre e forte, onde as empresas privadas são capazes, com a sua oferta criar demanda. Estes, também, filosóficos, nunca concordaram com uma presença grande do estado na economia, porque acham que atrapalha os processos, quer de fomento da produção, do comércio e até atiçam a burocracia.

 

Em Angola, os ricos, por conversas de bairro, estão sempre ligados ao Estado, ou seja, é o Estado que os cria através das suas facilidades de garante de tudo. Em 1975, Angola abraçou o utópico modelo de economia dirigida. Em 1992, economia mista, com cerca de 80% da atuação do estado no marcado. O poder não só controla o mercado, através da sua regulação legislativa, como também, garante os meios de produção. Nesta caso, as empresas privadas ou estão conectadas a si ou têm o Estado como seu principal cliente.

 

Em 2002, com o modelo macroeconómico de economia social de mercada, afunda o sistema ao, sem experiência, criar os novos-ricos pequenos, médios e grandes, através das “comissões de intermediação” nos processos de negociação, de contratação pública e fornecimento de bens e serviços. Já está. Nem os clássicos e nem os keynesianos, autores da economia moderna, previram isso nos seus estudos. Se a ciência é falível, quanto mais o modelo de criação de ricos de Angola?

 

Em 2014, o tão propalado modelo de criação de ricos de Angola apresentará roturas e falhara, lançando para a falências “grandes” empresas, aumentando a taxa de desemprego para níveis altos de até 24%, aumentando a inflação, sobre tudo, da sesta básica para dois dígitos, pior do que nos finais da Guerra civil e afectando gravemente as taxas de crescimento da economia.

 

João Manuel Gonçalves Lourenço tem a chance, oportunidade, de fazer diferente, se levar a sério a ciência económica e os poucos economistas lúcidos não fanáticos de que se pode orgulhar. Caso contrários, os indicadores de desenvolvimentos serão bons, porque se pode alterar, mas os ricos não serão autossuficientes e nem sustentáveis.

 

Assim depois de estudos profundos da economia e lendo o melhor dos clássicos e keynesianos, baseando na realidade e anseios dos angolanos, aconselhamos João Lourenço, em 10 pontos, a tomar medidas pertinentes para evitar que os ricos do seu governo estejam conotados a desvios de fundos públicos:

 

Assegura com firmeza a garantia da paz e soberania nacional; o processo democrático e estado de direito; segurança e tranquilidade públicas; a justiça e o Direito; a educação a todos os níveis e a saúde, incluindo animal.

 

Reduzir a presença do estado na economia, através da diminuição de empresas públicas, cujo trabalho destas, pode ser melhor desenvolvido pelo privado. Por exemplo, a emissão de distintas licenças;

 

Abrir-se profundamente às políticas de parceria público-privadas, permitindo a entrado do empresariado privado na construção de estradas, novas linhas férreas, ligações marítimas e aéreas. Sendo que caberá ao privado, mesmo, a cobrança de portagens por exemplo e o estado regular.

 

Começar um processo de privatização o fornecimento de energia elétrica e distribuição de água potável com empresas privadas eficientes e sustentáveis, cabendo ao estado, em nome do povo, exigir qualidade e eficácia no seu trabalho.

 

Reduzir a aplicação do modelo de estado-providência que remete o estado para responsabilidades que não são suas e não as faz bem. É caso da construção de casas, cujo processo de vendas não tem sido lucrativo, comparados àqueles projectos habitacionais que são da alçada privada. Segundo os economistas, não é responsabilidade do estado construir casas.

 

Criar ou escolher uma província que se transforme numa zona capitalista. Sendo que está mesma província seja considerada uma zona franca, com taxas aduaneiras e tributárias baixas, ou mesmo isentas. Está província motora, na minha opinião, devia chamar-se Longa, por ficar entre as províncias de Luanda e Kuanza Sul. De lembrar que economias desenvolvidas têm uma zona franca que potencia outras províncias menos desenvolvidas.

 

6.1. Deste modo, está província servirá para receção (importação e exportação) de matéria-prima, bens finais e não só a preços dos mercados internacionais de compra, potenciando a produção nacional, reduzir-se o nível geral dos preços e criar de facto os ricos sem conotação a desvios do erários públicos.

 

Acabar com a burocracia excessiva aos vários níveis e se possível deixar o privado a responsabilidade de tramitação de vários documentos.

 

Criar mecanismo de concepção de créditos e monitoramento para particulares. Este processo de cedência de créditos deve ter apenas em atenção às garantias. Os bancos e as concecionárias devem igualmente trabalhar em conjunto para dar habitação ao cidadão. Os bancos também devem criar os novos-ricos.

 

9. O Estado deve continuar a controlar e gerir os recursos naturais do país com firmeza, garantido que os mesmos sirvam não apenas a actualT geração, mas também as futuras.

 

10.Estas ideias visam a redução do desemprego e da inflação a taxas naturais e aumento do desemprego.

 

*Diplomado em economia e docente universitário