Luanda - O vice-presidente da UNITA, Raul Danda, afirmou hoje que é um "dever" da Presidência da República angolana prestar informação pública sobre o estado de saúde do Presidente José Eduardo dos Santos, admitindo levar o assunto ao parlamento.

Fonte: Lusa

O dirigente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, reagia em entrevista à agência Lusa, em Luanda, aos rumores que circulam há alguns dias sobre o estado de saúde de José Eduardo dos Santos, ausente do país há mais de duas semanas.

 

"O presidente José Eduardo dos Santos é o Presidente de todos os angolanos e os angolanos têm o direito - e a Presidência a obrigação - de saber sobre o seu estado de saúde. Em qualquer parte do mundo se sabe se o Presidente vai ao hospital ou está doente. Não é correto vivermos num país em que fazemos de conta que o Presidente não é um ser humano e não fica doente", criticou Raul Danda.

 

Lamentando a "especulação" dos últimos dias e embora o partido ainda não tenha tomado qualquer decisão, o vice-presidente da UNITA admite que sejam pedidos esclarecimentos oficiais sobre o estado de saúde de José Eduardo dos Santos "através do parlamento".

 

Há cerca de uma semana que vários rumores, em Angola e Portugal, apontam para o agravamento do estado de saúde de José Eduardo dos Santos, numa altura em que se encontra em visita privada a Espanha, conforme anunciado anteriormente.

 

"Quando a informação não é prestada, como nunca foi prestada, começam as especulações, nos órgãos de comunicação social, nas redes sociais. É o nosso Presidente, temos o direito de saber como está, o que tem. Não temos de andar de coração nas mãos por não sabermos o que se está a passar", apontou ainda Raul Danda.

 

"A saúde do chefe de Estado é uma preocupação de todos os angolanos", enfatizou o vice-presidente da UNITA.

 

A empresária Isabel dos Santos desmentiu no sábado notícias que circularam sobre o agravamento do estado de saúde do pai, José Eduardo dos Santos, atualmente com 74 anos.

 

A posição foi assumida em duas mensagens que a empresária e presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana Sonangol colocou, como faz habitualmente, na sua conta na rede social Instagram.

 

Numa destas mensagens, publicada a 13 de maio, a empresária questiona "com que propósito continuar a insistir em divulgar notícias falsas sobre a saúde do #PRAngola", ilustrando-a com a imagem "Notícias Falsas".

 

Alguma imprensa angolana associa estas viagens habituais a Espanha - por vezes mais do que uma vez por ano - à necessidade de o chefe de Estado receber tratamento médico numa clínica de Barcelona, informação que oficialmente nunca foi confirmada ou desmentida pela Presidência da República.

 

O portal angolano Maka Angola, do jornalista Rafael Marques e visado na mensagem de Isabel dos Santos, escreveu na semana passada que o estado de saúde do Presidente José Eduardo dos Santos "está a causar, atualmente, grande apreensão entre as figuras cimeiras do MPLA", partido que governa Angola desde 1975.

 

Oficialmente, e como tem sido habitual em rumores semelhantes que já surgiram anteriormente, a Presidência da República e o próprio partido que José Eduardo dos Santos lidera desde 1979 não comentam informações sobre o estado de saúde do chefe de Estado.

 

Por isso mesmo, Isabel dos Santos foi a primeira e única a abordar estas notícias até ao momento, com duas mensagens entre sexta-feira e sábado.

 

"Alguém que desce tão baixo de nível, até ao ponto de inventar notícias de morte, tudo pela vontade insaciável de criar confusão e tumulto político em Angola. Até que ponto chega o egoísmo de ignorar que existem familiares e amigos", escreve a empresária, numa outra mensagem na rede social Instagram.

 

José Eduardo dos Santos deslocou-se a 01 de maio a Barcelona, Espanha, para uma visita privada, informou na altura a Casa Civil da Presidência da República, não tendo sido divulgada ainda qualquer informação sobre o seu regresso ao país.

 

Antes desta viagem, José Eduardo dos Santos convocou, por decreto presidencial de 25 de abril, as eleições gerais em Angola para o dia 23 de agosto próximo, que servem para eleger, além dos deputados à Assembleia Nacional, também, por via indireta, o novo chefe de Estado, eleição à qual já não concorre, após quase 37 anos no poder.