Lisboa - A UNITA está de visita a Portugal, um dos três países europeus, com Espanha e França, onde o maior partido da oposição vai explicar o seu projeto para Angola antes das eleições de 23 de agosto. O presidente Isaías Samakuva falou ao Expresso da preocupação com a transparência do processo eleitoral, desde os cadernos de registo até à contagem de votos

Fonte: Expresso

"Se houver vontade política há tempo" para que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) proceda a uma auditoria. "Continuamos preocupados com as irregularidades de registo dos cadernos eleitorais", diz ao Expresso Isaías Samakuva, explicando assim o pedido que o maior partido da oposição angolana dirigiu à CNE. O pedido implica a denúncia de "irregularidades" cometidas durante o processo de registo dos eleitores a nível nacional. A auditoria "está prevista na lei" e é o modo de "nós UNITA e todos os angolanos ficarmos a saber se o que consta nos cadernos eleitorais corresponde à realidade do país".


Dar pistas sobre o programa da UNITA para governar Angola quando o país prepara as eleições de 23 de agosto e oferecer alternativas aos investidores internacionais são os focos da visita a três países europeus de uma delegação da UNITA presidida por Samakuva, que começou pela cidade do Porto, Portugal, e seguirá para Espanha e França.


"Vamos utilizar as formas legais à mão dos partidos" para exigir transparência, disse o líder da UNITA ao telefone a partir do Porto justificando o pedido com a ""tendência que o Governo e a CNE têm de ignorar a lei". Samakuva descreveu a "forma duvidosa" como duas empresas foram escolhidas pelo Executivo para fornecer a logística das eleições (mesas, urnas, boletins de voto, etc) quando "aqueles dados ainda não foram apurados".


"Há uma situação que não é clara e nós queremos eleições transparentes e saber que quem for eleito foi realmente escolhido", acrescentou o presidente da UNITA.


Isaías Samakuva falou com o Expresso no contexto do debate que decorreu no Porto em que se reuniram empresários, políticos, académicos e membros dos meios de comunicação social.


"A UNITA propõe um governo que seja diferente diferente daquele que existe, um governo inclusivo e participativo que reúna os melhores quadros para governar", disse o líder da oposição angolana, sublinhando a urgência em agir em setores que se encontram em situação de emergência: saúde, habitação e emprego.


"A economia tem de ser mais dinâmica, tem de permitir a repatriação de lucros", por exemplo, diz o líder, acrescentando que o partido tem "propostas concretas" como seja "dar independência ao banco central, novas políticas fiscais" e facilitar a emissão de vistos a estrangeiros porque "não faz sentido bloquear-lhes a entrada no país". Tudo isto para "reestruturar a economia de Angola" contando com investimento "nacional e estrangeiro"