Luanda - Embora o objectivo final seja a autodeterminação de Cabinda isso não impede um diálogo sobre os modos de se alcançar isso, defendeu Raul Tati, o conhecido activista de Cabinda que é candidato independente ao parlamento angolano pela lista da UNITA.

Fonte: VOA

“Sempre defendi que o povo de Cabinda tem o seu direito à autodeterminação e devemos reafirmar em qualquer circunstância que Cabinda tem o seu direito à autodeterminação”, disse o activista que acrescentou:

“O resto vai-se discutir.”


Tati falava num animado programa “Angola Fala Só” em que respondeu a perguntas vindas em grande parte de Cabinda mas também de outras partes de Angola.


A separação de Cabinda de Angola é uma questão que “pode se tomar numa perspectiva evolutiva”, explicou Raul Tati.


“Temos que trabalhar nessa perspectiva e nunca devemos fechar completamente as portas”, disse Tati fazendo notar que “se hoje somos nós, amanhã serão outros e, portanto, não devemos tomar decisões que possam comprometer gerações futuras”.


O activista e professor universitário fez notar que foi só graças “à colaboração entre comunistas portugueses e o MPLA" que Cabinda não ganhou a sua independência em 1975, e disse que desde então a província “tem estado numa situação (de dominação) colonialista”.


O activista disse que a decisão de ele integrar como independente a lista de candidatos da UNITA pelo círculo de Cabinda foi “uma decisão de grupo” da sociedade civil.


“Concluímos que era necessário participar e não ficar a olhar para o desenvolvimento das coisas impavidamente”, explicou afirmando que houve uma discussão sobre a participação com o presidente da UNITA, Isaías Samakuva.


O Dr. Felix Sumbo é o outro candidato independente na lista da UNITA pelo círculo de Cabinda.


Se for eleito há um acordo com a UNITA em que ambas as partes terão que respeitar as suas respectivas posições.


“Nós vamos pela sociedade civil de Cabinda”, disse acrescentando que “não sou militante da UNITA nem pretendo sê-lo” e “a UNITA respeita esta minha posição”.


O activista rejeitou as críticas sobre a sua participação afirmando que “não podemos ficar aqui à espera que os milagres aconteçam sem que nós façamos alguma coisa”.


“É preciso trabalhar, não é só ter fé ou ter só esperança”, disse


“A esperança tem que ser activa não pode ser passiva”, acrescentou.


Raul Tati disse haver muito entusiamo em Cabinda pelas eleições e apelou ao voto “pela mudança” e pela UNITA.

“Mudanças em Angola deverão levar a mudanças em Cabinda”, afirmou.


Interrogado sobre os seus planos para o parlamento, caso seja eleito, Raul Tati disse que a agenda “incluída no protocolo com a UNITA” foi elaborada pela sociedade civil de Cabinda e pretende que Cabinda “deixe de ser uma simples província angolana”.


“O que nós queremos é que Cabinda possa evoluir para um estatuto político, administrativo e jurídico superior àquele que tem hoje e essa é a prioridade das prioridades”, disse.