Lisboa – Nos últimos tempos a cidade capital (Luanda) tem vindo a testemunhar o crescimento esporádico de inúmeros casinos estrangeiros (sobretudo chineses) que têm servido de ponte para “lavagem de dinheiros” que algumas empresas chinesas arrecadam ilicitamente, atropelando inúmeras leis angolanas, como é o caso dos casinos “Baoli”, “Fei Xiang Guo Ji”, com sedes em Macau. 

Fonte: Club-k.net
Segundo constatou o Club K, numa ronda efectuada, recentemente, nos referidos estabelecimentos de jogos de azar, para além dos postos polícias existentes nos locais para garantir a segurança (sabe-se lá de que), estes casinos servem de albergues para à máfia “organizada” chinesa.

 

“Na verdade estes casinos chineses servem para fazer branqueamento capitais, extorsão e raptos”, disse uma fonte dos Serviços de Investigação Criminal de Luanda, acrescentando que semanalmente estes casinos movimentam milhões de kwanzas, mesmo sem registar aderência massiva.

 

Alguns funcionários (de nacionalidade angolana) garantiram a reportagem deste portal que a maior parte destes casinos são protegidos pelos membros do Executivo angolano que supostamente protegem estes criminosos chineses. 

 

“Aqui se matam entre eles”, disse um segurança que recentemente testemunhou o assalto de cidadão de nacionalidade chinesa, que foi assaltado há escassos metros do casino “Fei Xiang Guo Ji”.  A vítima ganhou o dinheiro num jogo de cartas e após sair do casino foi seguido, assaltado e espancado por um grupo homens numa altura em que estava entrar no seu veículo.

 

No ano transacto, o jornalista angolano Gustavo Costa denunciou que, em Luanda, a máfia chinesa estava a protagonizar uma vaga de sequestros para pedidos de resgate. As autoridades admitem que se registam um a dois casos por mês, perpetrados por chineses. 

 

Os casos de sequestro começaram a ser registados em finais do ano passado e envolveram, numa primeira fase, exclusivamente gangues provenientes da China. Com as ocorrências a disparar, soaram as campainhas de alarme em Pequim. “Tivemos aqui especialistas dos serviços de informação chineses que nos ajudaram a desmantelar esses grupos”, confidenciou ao Expresso uma fonte do Ministério angolano do Interior.

 

“Nalguns casos, os elementos desses grupos, utilizando nomes angolanos e com identidade falsa, protagonizavam ajustes de contas mal saldadas na China”, acrescentou a mesma fonte, que participar também no desmantelamento de uma rede de prostituição chinesa.

 

Com a abertura, pela China, das multimilionárias linhas de crédito a Angola, não foi só dinheiro que chegou ao país africano. Chegou de tudo: executivos, homens de negócios, trabalhadores, agentes dos serviços secretos, desempregados, prostitutas, criminosos. Entre imigrantes legais e ilegais, haverá hoje entre 250 e 300 mil chineses em Angola.

 

Investigadores da polícia reconhecem agora que, “depois da vinda, sem critérios, de chineses de vários extratos sociais, registou-se uma alteração substancial no paradigma dos crimes”. O número de resgates pagos por chineses raptados pela própria máfia chinesa continua a ser, para as autoridades angolanas, uma verdadeira incógnita.

 

“Nalguns casos, com medo de represálias, as vítimas preferem silenciar os sequestros; noutros casos, ao não pagarem o resgate, são pura e simplesmente mortos”, disse Vasco Alexandrino, diretor de informação dos Serviços de Investigação Criminal, na altura.

 

De salientar que o artigo 26º n.º 2 alínea a), da Lei Geral da Publicidade- Lei nº 9/17 de 13 de Março, obriga os casinos a exporem nas suas publicidades “advertência sobre os perigos dos jogos”. Situação que não é cumprida por estes.