Brasil – Todo angolano que se prese, ao tomar conhecimento do esquema em que o MPLA vendeu Angola, sentir-se indignado, como eu me senti depois de tomar conhecimento das delações premiadas dos marqueteiros João Santa e Mônica Moura, que realizaram a campanha eleitoral do MPLA em 2012 e, e pela qual cobram exorbitantes 50 milhões de dólares, valor que o regime deu a rir e ainda achou barato.

Fonte: Club-k.net
Notem que este mesmo regime que gastou 50 milhões de dólares deu à cada partido da oposição simplesmente 700.000 U$D para gastos eleitorais e criou uma lei que barra a entrada de doações do estrangeiros para os outros partidos.

Ainda perante a justiça brasileira, e em depoimento transmitido para todo o país e o mundo via televisão e internet, os organizadores das campanhas eleitorais do PT no Brasil e do MPLA em Angola, no ano de 2012, revelaram em depoimento à Justiça, em um processo onde o compromisso de ter que falar a verdade é condição “sine qua non”  para manter o acardo que os livra de terem que passar o resto da vida na prisão, que o grupo propeg que organizou a campanha eleitoral do MPLA em 2008 cobrou muito mais do que eles cobraram em 2012. Eles disseram alto e em bom tom perante a justiça do o grupo propeg cobrou o dobro do valor que eles pediram.

Este grupo propeg organizou a campanha de marketing e propaganda eleitoral do MPLA em 1992 e em 2008. Se em 2008 cobrou o dobro (100 milhões de dólares) quanto terá cobrado em 1992?

Esta informação certamente nenhum órgão angolano do país cujo dono é o presidente José Eduardo dos Santos, e a Odebrecht, segundo Mônica Moura, é dona da metade, ninguém nos dirá coisa alguma, sob pena de ser morto e ter seu corpo tragado por jacarés do rio Cuanza.

Mas assim como os brasileiros sentem hoje nojo da política e dos políticos do seu país, eu sinto algo 100 vezes maior em relação ao que ocorre em Angola. O nosso país, precisa primeiramente de uma revolução cívica e moral, para que se ensine aos que governam a viverem na era da modernidade. Depois, precisa de uma revolução espiritual, para se ensinar aos chefes do poder que nus vieram para este mundo, e nus sairão deles. Os muitos milhões de dólares por eles desviados e guardados em várias contas fora de Angola servirão apenas para trazer desgraça aos seus herdeiros.

Enquanto a Odebrecht e seu dono gabam-se de nos terem ensinado a usar o vazo sanitário em troca de muitos milhares de dólares, o nosso povo morre à fome em todo o país.

O MPLA viola a lei eleitoral e todas as demais leis do país que ele mesmo criou, não permitindo o financiamento externo das campanhas eleitorais, mas para eles essa lei é escrita à lápis e a noite. Para eles, milhares de dólares podem ser injetados nas suas campanhas eleitorais. Que país é este?

A OPOSIÇÃO TEM QUE DESPERTAR E O POVO TEM QUE ATENTAR PARA  ISTO:

Decorrem em Angola os preparativos para o próximo pleito eleitoral, e como não poderia deixar de ser, o partido favorito a vencer tais eleições é o MPLA. É o partido que (des)governa Angola há mais de 40 anos, isto é, desde 1975 quando conseguiu realizar o histórico e heroico ato de expulsão do colonizador português, que apesar de ter conquistado em conjunto com muitos outros angolanos, o MPLA reclama quase que exclusivamente para si e seus militantes tais méritos.

Os processos eleitorais que Angola experimentou foram todos recheados de irregularidades e fraudes. Já em 1992 o Dr. Jonas Malheiro Sidôneo Savimbi, líder da UNITA, naquela altura detentora de um poderoso exército, as FALA, concorreu e “perdeu” as eleições contra José Eduardo dos Santos. Mas Savimbi tinha provas concretas de tantas irregularidades, e negou-se a concordar com o veredicto.

Em 2008, depois de ter alcançado a paz, Angola voltou a realizar eleições, legislativas, e outra vez foram constatadas diversas irregularidades, e o vencedor foi o MPLA.

Em 2012, já depois de aprovada a atípica constituição que deu poderes sobrenaturais ao presidente José Eduardo dos Santos, o MPLA diz ter ganho as eleições com folga, com absoluta maioria, num processo esquisito onde o cabeça de lista do partido vencedor se torna o presidente, processo que eliminou a possibilidade de os angolanos votarem diretamente no seu candidato preferido, que eliminou a necessidade dos deputados terem que concorrer de forma direta ao voto. Tenho maioria absoluta o MPLA passou a aprovar sozinho tudo o que quisesse.

Mas ao longo deste ano aconteceu um fenômeno novo aqui no Brasil, e que poucos líderes da oposição angolano têm conseguido prestar atenção e explorar ao máximo. Está a acontecer o Brasil um processo de varredura do lixo moral que enferma a classe política brasileira, levado a cabo por uma equipe de procuradores, juízes federais, e a procuradoria geral da república do Brasil, denominado LAVA-JATO.

A lava-jato é marco histórico que fará parte de uma virada de página importante na política interna brasileira, tendo como consequência direta a necessidade do país mudar de postura em relação à sua forma de se relacionar com os interesses do setor privado, e a ética na relação entre o público-privado no país como um todo.

O Brasil passou por diversos processos de afirmação política até que seu povo chegasse ao momento histórico que vive hoje. Depois da ditadura política e militar que durou de 1965 à 1985, os brasileiros conquistaram à custa de muito sacrifício, sangue e dor, a liberdade e o Estado democrático e de direito. Foram necessários anos de protestos, revoltas, subversões, e um inconformismo generalizado por um sistema político que restringiu ao máximo as liberdades dos cidadãos.

A ditadura militar, é claro, não foi a causadora de um estado corrupto que se apresenta claro hoje. O Brasil fora constituído por diversos processos sociais que deixaram marcas profundas de corrupção, clientelismo e favoritismo. Havia no passado a classe dos coronéis que tudo podiam, dos barões do café, e diversas castas sociais, que trouxeram hábitos e costumes adquiridos antes da república, no tempo do império, e quiçá, trazidos para este território pelos extraditados portugueses que vieram para colonizar o território do índio.

Mas a conquista da nova república (a sexta) deu lugar ao estabelecimento de um verdadeiro estado democrático e de direito, e de lá para cá o país vem caminhando, afinando-se, e se dado à possibilidade e experimentar a democracia como manda a constituição.

O estado democrático e de direito consagrou a separação dos poderes, e os filhos civilizados desta pátria hoje se esmeram em coloca-la em prática, tendo o judiciário brasileiro deixado de ser refém da vontade política, e passado a ser de fato, o fiscalizador e guardião da constituição. Isso significa, como não podia deixar de ser, passar a fiscalizar os atos do poder legislativo e executivos, criar leis e combater a impunidade.

O Brasil começou a investigar e a punir os crimes de colarinho branco, cometidos por figuras antes intocáveis. Figuras que ostentavam o poder e o nome, e que quando dissessem “sabes como quem falas”, o cidadão ou funcionário público comum tremia-se até borrar as calças com medo de ser prejudicado, preso ou mesmo morto apenas por ter interpelado interesses de um “sabes com quem falas”.

Mas isso acabou. O Brasil está num processo de limpeza espiritual, moral e ética, onde senadores são investigados e presos em pleno mandato legislativos. Onde o presidente da Câmara dos deputados é preso por atos de corrupção. Onde um presidente é destituído por conta de crimes de responsabilidade fiscal. Onde juízes e procurados perdem os seus cargos por causa de condutas indecorosas, onde ex-presidentes figuram na mira das investigações de tribunais federais e respondem à inquéritos, onde o povo sai às ruas para realizar manifestações e tem a proteção das forças policiais e militares para tal. A economia trava porque os investidores internacionais ficam receosos, mas o país continua a sua marcha porque afinal de conta é insto que demonstra ter o Brasil alcançado uma maturidade institucional e democrática como poucos Estados no mundo já conseguiram.

Mas, se o Brasil conhece tal graça, o mesmo não se pode dizer de Angola, onde a geração que nos governa é a que viveu as guerras, tem uma mentalidade militarizada, e onde a elite política e económica é constituída por generais e ex-profissionais de guerra.