Luanda - Angola calculou em 464,5 milhões de dólares (407,8 milhões de euros) as suas necessidades de recuperação sobre os efeitos e impactos causados pela prolongada seca, que afetou, nos últimos cinco anos mais de um milhão de pessoas.

Fonte: Lusa

Os dados constam de um relatório sobre a Seca em Angola entre 2012-2016 e de Avaliação das Necessidades Pós Desastre (PDNA, sigla em inglês), elaborado pela Comissão Nacional de proteção Civil, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), União Europeia e Banco Mundial.

 

A seca afetou sobretudo o sul do país, com mais impacto para as províncias do Cunene, Huíla e Namibe, onde atualmente existem 1.139.064 pessoas afetadas, segundo os últimos números fornecidos pelo Governo de Angola para o PNDA.

 

O relatório divide em quatro categorias as necessidades: reconstrução de ativos físicos; retoma da produção, funcionamento dos serviços e acesso a bens e serviços; restabelecimento da governação e dos processos de tomada de decisão e resolução das vulnerabilidades e riscos.

 

 

O orçamento proposto de 464,5 milhões de dólares elege os setores agrícola e hídrico como os mais necessitados, com 189 milhões de dólares (165,9 milhões de euros) e 97 milhões de dólares (85,1 milhões de euros), respetivamente.

 

"As necessidades de recuperação incluem medidas a curto prazo (seis meses a um ano), médio prazo (1 a 2 anos) e longo prazo (2 a 4 anos)", refere o documento.

 

A curto e médio prazo, o Governo angolano aponta medidas como a reabilitação da produção agrícola e pecuária, das fontes de água para aumentar a sua disponibilidade de consumo humano e animal, apoio aos centros de nutrição para o tratamento da subnutrição, o fomento dos programas de alimentação escolar e a promoção de atividades alternativas de geração de receitas.

 

Já as necessidades de recuperação a longo prazo incluem medidas para a redução do risco e impacto da seca no sul de Angola, através de uma melhor gestão dos recursos naturais, como a reflorestação, introdução de técnicas de recolha de água, sistema de irrigação comunitária, ente outras.

 

O Governo angolano estimou em perdas e danos para as três províncias mais afetadas pela seca em Angola um total de 749 milhões de dólares (657,6 milhões de euros).

 

Os setores da agricultura, pecuária e pesca são "os de longe os mais afetados", como descreve o relatório, salientando que as perdas nas três províncias foram calculadas com base na quebra da produção de cereais e outras culturas, de leite e de carne, enquanto os danos foram calculados baseados nas mortes reportadas de animais no Namibe (110.000), na Huíla (150.000) e Cunene (240.000), num total de 500.000 animais mortos.

 

Para o setor da água, saneamento básico e higiene calcula-se que o total de danos se situe nos 52,5 milhões de dólares (46 milhões de euros), que tem em consideração os 80 por cento de poços atualmente inoperantes, a necessitar de parcial ou total reparação.

 

A nível do setor da agricultura, pecuária e pesca, as maiores perdas registaram-se na área da segurança alimentar, estimada em 82 milhões de dólares (71,9 milhões de euros), representando 18 por cento do total das perdas.

 

"O setor da nutrição também registou perdas significativas avaliadas em 32,8 milhões de dólares (28,7 milhões de euros)", refere o relatório, esclarecendo que estas perdas refletem os custos adicionais nos quais o Governo angolano e a comunidade internacional incorreram para reduzirem a insegurança alimentar e a subnutrição nas populações atingidas pela seca nas três províncias.

 

À semelhança de grande parte da África Austral, Angola tem vivido uma seca desde a campanha agrícola de 2011/2012, marcada por uma combinação de falta de chuvas, distribuição irregular da precipitação e períodos de seca, que tem afetado sobretudo a zona sul do país.