Libreville – É quase uma tradição nas repúblicas autoritárias africanas de aplicarem um regime de sucessão monárquica quando o presidente «rei» morre. Ali Bongo, filho do presidente defunto do Gabão Omar Bongo apresenta-se como o candidato natural à sucessão do seu pai.
 
Omar Bongo morreu, mas ainda correm as declarações e desmentidos sobre a morte daquele que foi apresentado como um «semi-deus», tal como a incerteza das causas da morte ou local de hospitalização, Espanha ou Alemanha, do presidente que governou com mão de ferro durante 41 anos a Republica do Gabão.

Em Libreville, capital gabonesa, os habitantes temem que o sprint à sucessão presidencial degenere em violências como o país assistiu em 1990 e por cautela começaram esta segunda-feira a aprovisionar de alimentos e gasolina. A presença anormal dos militares nas ruas da cidade não garante segurança aos gaboneses e aumenta o sentimento de tensão.

Pouco apreciado pelos gaboneses, dado o seu desconhecimento das línguas locais, Ali Ben Bongo Ondimba, 49 anos, primogénito do presidente e ministro da Defesa decidiu «fechar as fronteiras terrestres, aéreas e marítimas» e reforçar a «segurança dos locais e edifícios administrativos sensíveis». Ali Bongo, sem surpresa, surge como o sucessor natural do seu pai e protector do poderoso clã Bongo. Mas a apetência do poder não atinge apenas o filho do presidente defunto.

Um dos rivais de Ali Bongo é o seu cunhado, ministro dos Negócios estrangeiros, marido de Pascaline Bongo, directora do gabinete e filha de Omar Bongo, apontada pela oposição como a gestora da colossal fortuna acumulada pela família Bongo e defensora dos interesses económicos franceses no Gabão.

O antigo genro de Omar Bongo, ex marido de Pascaline Bongo, actual presidente da Comissão da União Africana, UA, Jean Ping também já dá sinais de forte apetência pelo trono em Libreville.

Um concorrente mais sério é o ministro da Saúde gabonês, Idriss Ngari, que conta com o apoio de uma parcela significativa das forças armadas.

A ditadura imposta por Omar Bongo durante os 41 anos de «reino presidencial» permitiu ao Gabão de se manter afastado dos conflitos que arrasaram vários países africanos. A excepção nesta paz sob controlo aconteceu em 1990 quando Bongo anunciou a chegada do multipartidarismo ao Gabão. O atraso na aplicação da promessa foi a faísca que provocou uma onda de motins e pilhagens sem precedentes no país.
 
Fonte: PNN Portuguese News Network