Luanda  - O bem-estar, a felicidade e a realização individual e colectiva são subjectivas. O que me faz feliz, não irá, necessariamente, fazer feliz uma outra pessoa, e vice-versa. Porém, existem indicadores minimamente aceites universalmente sobre o que se pode considerar como condições para que um ser humano possa ter uma vida digna.
 
Fonte: Club-k.net
 
Quais são as motivações que movem muitos hoje? Nos dias de hoje, o padrão de sucesso de muitos se resume em passar por universidades, fazer uma carreira bem remunerada, ter casa própria, casar, ter filhos e, sempre que for possível, viajar pelo mundo, envelhecer e morrer. Para muitos isso é que é viver! Porém, quando analisado de forma fria, uma vida que se resume em estudar, trabalhar, casar, ter filhos e morrer não é em si uma vida completa. Esta é a rotina normal de vida. Uma vida completa deve ir muito além do que é normal, do que é comum.
 
Vivemos numa sociedade com variadíssimos problemas e a nossa contribuição para a melhoria das condições de vida das pessoas à nossa volta deve fazer parte de nossas metas, sob pena de nos tornarmos numa sociedade falhada.
 
Por exemplo, vivemos numa sociedade em que muitos se acham intelectuais, instruídos, homens e mulheres cultas, porque ostentam diplomas e títulos universitários. Entretanto, nos devemos perguntar sobre que tipo de diferença operamos na vida das pessoas com a nossa intelectualidade? Numa sociedade tão polarizada, com tantas injustiças sociais e com pessoas passando por todos os tipos de limitações e vulnerabilidades, ser intelectual deve ser muito mais do que a rotina introvertida que muitos de nós temos seguido.
 
 
A nossa intelectualidade deve estar também ao serviço da sociedade, daqueles que se vêm limitados ou desprovidos de direitos e de oportunidades, lutando por causas que impactem vidas de pessoas. Porque um verdadeiro intelectual não se conforma, ele transforma. Um intelectual é um revolucionário por excelência.
 
 
Não se pode adquirir tanto conhecimento e continuar- se indiferente perante as adversidades que nos rodeiam. É inconcebível termos passado por várias anos e horas em bibliotecas pesquisando, debatendo com académicos e colegas em salas de aulas para depois cruzarmos as nossas pernas e nos sentarmos numa zona de conforto. Agir contra as nossas consciências e contra o vasto conhecimento que adquirimos na academia passou a ser algo normal para muitos de nós, porque o nosso foco principal é a nossa barriga, o nosso bem-estar.
 
 O resto que se lixe!
 
Na história universal, incluindo na história do cristianismo, vemos que vários homens e mulheres que receberam grandes conhecimentos foram igualmente grandes revolucionários. Conhecimento que não edifica a sociedade é um conhecimento morto. Uma vida completa deve deixar um legado que vá para além dos bens materiais e dos herdeiros.
 
Onde andam os nossos intelectuais?