NOTA DE REPÚDIO

Luanda - NÓS, GRUPO DE MULHERES ANGOLANAS PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MENINAS E MULHERES EM ANGOLA, VIMOS PUBLICAMENTE MANIFESTAR O NOSSO REPÚDIO AO ACTO VIOLENTO PRATICADO PELO SENHOR MANUEL CHIVONDE NITO ALVES, CONTRA A CIDADÃ L.F. E FAZEMO-LO COM OS SEGUINTES FUNDAMENTOS:

Fonte: Club-k.net


No pretérito dia 02 de julho (domingo) quando a senhora L.F se encontrava num convívio com mais outras amigas e amigos, estando já de saída do mesmo, um amigo ofereceu-se para acompanhá-la, nesta altura, o senhor Manuel Chivonde Nito Alves insistia em ocultar com as suas mãos, o símbolo da organização Ondjango Feminista, que estava pendurado no casaco que a mesma trajava.



E insistia em fazê-lo, pese embora a senhora L.F tenha insistido claramente que nao o fizesse, o que foi em vão, pois o mesmo não desistiu da sua acção. Quando novamente a senhora pediu que ele parasse, ele responde, citamos: “isso é normal, tu também podes me pegar, assim como eu posso te pegar também” e disse isso esticando as mãos alcançando os seios dela.



Neste momento interveio prontamente o amigo que estava a acompanhá-la até a saída, impedido assim que o assédio prosseguisse ou fosse pior.



Neste momento a senhora está traumatizada e com medo do que possa acontecer-lhe por tratar-se de uma pessoa popular, mesmo assim ela teve a iniciativa de romper com o silêncio e denunciar esta acção, que será devidamente encaminhada as autoridades policiais.



De salientar que esta não foi a primeira acção atentatória de direitos das mulheres perpetradas por este senhor, pois, já em outros momentos o mesmo terá proferido comentários ofensivos à dignidade das mulheres em Angola nas redes sociais.



A partir do momento em que a pessoa não lhe autoriza a tocar em seu corpo, é obrigação da outra parte respeitar isso sob pena de violar um direito fundamental daquela pessoa.



Assusta-nos a forma despreocupada e indiferente como a sociedade ainda trata situações deste tipo, geralmente arranjando justificações para a acção criminosa, deixando de parte a palavra da mulher, mesmo nos casos em que haja testemunhas, como foi este.


Temos muitos históricos em nosso país da banalização da vida e dos corpos das mulheres espelhado no assédio, violências sexuais e mortes das quais somos vítimas diariamente. Por isso mesmo, este acto não pode ficar impune, nem da sociedade como um todo, menos ainda das autoridades policiais.



“A tua liberdade termina onde começa a minha liberdade”. Este imperativo básico das relações humanas precisa ser respeitado, sob pena da banalização da vida e dignidade humana.


10º
Até quando teremos os nossos corpos e mentes vandalizados em nome de um machismo e patriarcado que objectifica as mulheres e autoriza a violação da nossa dignidade e do nosso corpo?

POR ISSO EXIGIMOS:

a) Que haja responsabilização do autor deste acto criminoso;

b) Que seja criada uma rede de solidariedade para dar suporte à L.F e a todas as mulheres que ousarem desafiar o silêncio e denunciarem actos de violência;

c) Que haja da parte das autoridades governamentais acções mais incisivas em prol da educação em género e direitos humanos

Pelo respeito ao nosso corpo, as nossas vidas!

Pelo respeito aos direitos humanos das mulheres!

Pelo respeito a liberdade e dignidade das mulheres!

Pela efectivação dos princípios e valores do Estado democrático e de direito em Angola!

FAÇA-SE JUSTIÇA!

Luanda aos 04 de Julho de 2017.

SUBSCREVEMO-NOS

 

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