Luanda - A declaração de bens dos candidatos à Presidência angolana não é obrigatória, mas devia ser. É o que diz Mbanza Hanza, um dos ativistas do chamado processo dos 15+2: "Estamos num país onde o MPLA e o sistema que se estabeleceu criaram muitos vícios, muitos maus hábitos e a sua bandeira tem sido a corrupção."

Fonte: DW

Até aqui, os cidadãos pouco ou nada sabem sobre a situação financeira e patrimonial dos seus candidatos à Presidência da República nas eleições de 23 de agosto. Por isso, também Agostinho Sicato, do Centro de Debates Académicos, é a favor da declaração de bens. "Há toda a necessidade dos candidatos fazerem as declarações de bens, pois são entes públicos e precisam de informar aos cidadãos sobre os bens que possuem."


A ser feita, a declaração de bens contribuirá para uma cultura nova no cenário político angolano. "A declaração de bens é uma demonstração de idoneidade, de transparência, de vontade de alguém que quer servir e não de alguém que quer servir-se. Então, não seria necessário Mbanza e outras pessoas estarem a cobrar que se faça ou que não se faça. Isso seria um passo essencial", afirma o ativista Mbanza Hanza que acredita que a prática contribuiria para mais transparência no país.


Transparência dos governantes para acabar com enriquecimento ilícito


O partido vencedor das eleições de 23 de agosto terá a responsabilidade de formar o próximo Governo.


E, para Agostinho Sicato, os futuros membros do Executivo angolano também têm responsabilidades: "O novo Governo do país que ganhar deve necessariamente apresentar os seus bens", entende Agostinho Sicato.


A maneira como alguns gestores de cargos públicos adquiriram riqueza tem sido motivo de várias polémicas. Segundo Sicato, do Centro de Debates Académicos, a declaração de bens permitiria que se desfizessem dúvidas e evitar-se-ia "o tal enriquecimento ilícito que deriva dos cargos públicos, que normalmente acontece quando as pessoas atingem o poder".