Luanda - As reservas internacionais angolanas renovaram mínimos em maio, ao caírem no espaço de um mês mais de dois por cento, elevando a quebra desde o início da crise, em 2014, a 8.000 milhões de euros.

Fonte: Lusa

A informação resulta de dados preliminares do Banco Nacional de Angola (BNA), a que a Lusa teve hoje acesso, sobre as Reservas Internacionais Líquidas (RIL), necessárias nomeadamente para garantir importações de alimentos, maquinaria ou matéria-prima para as indústrias, que ascendiam a 31 de maio de 2017 a 18.026 milhões de dólares (15.900 milhões de euros).

 

Trata-se de uma quebra, face a abril, de 409 milhões de dólares (361 milhões de euros), equivalente a menos 2,2%, sendo esta a terceira descida mensal, só este ano, nas RIL angolanas.

 

Estas reservas já perderam, só desde janeiro, 3.373 milhões de dólares (2.976 milhões de euros). Desde o agravamento da crise provocada pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo, as RIL angolanas perderam 9.075 milhões de dólares (8.000 milhões de euros), face aos 27.101 milhões de dólares (23,9 milhões de euros) contabilizados pelo BNA no final de 2014.

 

Angola enfrenta dificuldades financeiras, económicas e cambiais, tendo o BNA aumentado a venda de divisas (euros) à banca comercial angolana, que está sem acesso a dólares face à suspensão das ligações com correspondentes bancários internacionais. No final de 2015, as RIL angolanas ascendiam já a 24.266 milhões de dólares (21,4 mil milhões de euros).

 

Angola vive desde finais de 2014 uma crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo.

 

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou em fevereiro passado uma revisão da legislação cambial e do sistema bancário nacional, para regular o movimento de moeda externa, impondo nomeadamente limitações ao acesso de divisas a não residentes cambiais.

 

Depois de alguma reflexão, concluímos que precisamos de executar um programa integrado para orientar todas as instituições que intervêm no processo das exportações. Assim, precisamos de adequar a legislação cambial, adequar o sistema bancário, pois não há legislação suficiente sobre a movimentação de dinheiro em moeda externa, por parte das empresas e dos particulares em geral”, disse José Eduardo dos Santos.


Desde agosto que o banco central – que atualmente é o único fornecedor de divisas à banca comercial – tem vindo a aumentar a injeção de moeda estrangeira no mercado cambial primário, a um ritmo à volta de mil milhões de euros por mês.

 

As reservas atuais garantem o equivalente a meio ano de importações de alimentos, bens e equipamentos, tendo em conta as necessidades, numa altura de forte contenção na disponibilização de divisas aos bancos.

 

As reservas contabilizadas pelo BNA são constituídas com base em disponibilidades e aplicações sobre não residentes, bem como obrigações de curto prazo.