Luanda - O crédito vencido nos bancos de Angola atingiu no final de 2016 os 639.071 milhões de kwanzas (3.392 milhões de euros), o equivalente a 17,6 por cento do crédito total concedido pelo sistema bancário à economia angolana.

Fonte: Lusa

Os dados foram revelados hoje pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, durante a cerimónia de abertura da conferência sobre Regulação e Supervisão Bancária em Angola, que decorreu em Luanda.

 

O responsável acrescentou que o crédito total à economia cifrava-se, no final de 2016, nos 3,619 biliões de kwanzas (19,2 mil milhões de euros), enquanto o volume de negócios dos 29 bancos em operação em Angola atingiu no mesmo período os 10,1 biliões de kwanzas (53,6 mil milhões de euros).

 

O crédito vencido na banca angolana atingiu em 2015 os 355,6 mil milhões de kwanzas (1.887 milhões de euros), de acordo com um relatório da consultora Deloitte apresentado em novembro último, em Luanda.


O valor do crédito vencido, 13% do crédito líquido concedido, que em 2015 cresceu 6%, face ao ano anterior, para 2,736 biliões de kwanzas (14,5 mil milhões de euros), consta da 11.ª edição da publicação Banca em Análise, no qual a Deloitte analisa os resultados dos relatórios e contas apresentados publicamente pelos bancos que operam em Angola.

 

Angola vive desde 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra nas receitas petrolíferas, dificuldades afetam igualmente o setor bancário nacional.

 

Na conferência de hoje, numa alusão sobre a evolução do atual sistema financeiro bancário, o governador do banco central angolano recordou que das 30 instituições financeiras bancárias autorizadas, 29 em atividade.

 

"A taxa de bancarização em dezembro de 2016 situava-se nos 59% e o sistema bancário contava com um total de seis milhões de clientes", disse.

 

Valter Filipe destacou ainda a existência de nove pacotes de medidas sobre a supervisão comportamental, para "reforçar a solidez e os mecanismos de proteção dos interesses dos consumidores de produtos e serviços financeiros".

 

"As ações atrás listadas muito têm contribuído para o desenvolvimento do processo de supervisão das instituições financeiras aliando as melhores práticas apoiado no manual de supervisão no qual são formalizados e sistematizados os procedimentos para uma supervisão bancária baseada no risco", observou.

 

O governador do BNA assinalou também que foi desenvolvido e implementado a nível da instituição um modelo de avaliação de risco das instituições financeiras considerando as categorias de risco de crédito de mercado operacional e de liquidez.

 

"Reconhecemos que há um caminho a percorrer porém, estamos convictos de que as ações realizadas até ao momento permitem-nos assegurar que os desafios da regulação e da supervisão que ainda persistem continuam no centro das nossas preocupações rumo a superação", concluiu.