Luanda - O dirigente do MPLA Bento dos Santos 'Kangamba' negou hoje que a Presidência esteja a cargo do general 'Kopelipa', ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, garantindo que a Constituição está a ser cumprida.

Fonte: Lusa

"Entre nós, os políticos e generais, ninguém substitui o Presidente, e se há alguém a dizer que o general 'Kopelipa' está a substituir o Presidente da República é mentira. É tudo falso, estamos a cumprir estritamente aquilo que diz a Constituição. O resto são ideias falaciosas da liderança da UNITA", atirou Bento 'Kangamba', numa reação às acusações do maior partido da oposição em Angola.

 

O general angolano, membro do Comité Central do MPLA, partido no poder em Angola, falava aos jornalistas à margem de uma inauguração oficial em Luanda, numa altura em que o chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, está ausente em Barcelona, Espanha, em visita privada, desde 03 de julho.

 

Antes, em maio, José Eduardo dos Santos esteve outros 28 dias em Barcelona ausência que suscitou, na altura, vários rumores sobre o seu estado de saúde.


A Lusa noticiou a 30 de junho que o general Manuel Vieira Dias 'Kopelipa' foi designado pelo chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, para "responder pelo gabinete" do vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que se vai "ausentar temporariamente" de Angola.

 

A indicação consta de um despacho presidencial de 26 de junho, em que o Presidente designa aquele general, "para responder pelos assuntos do gabinete" de Manuel Vicente, "enquanto durar a ausência daquela entidade".

 

O despacho 147/17 não refere motivos para esta decisão, apenas indica que o vice-Presidente se "vai ausentar do país em visita privada temporariamente".

 

"Acho mesmo que o presidente da UNITA está um pouco desnorteado, porque sempre que o PR se ausenta do país quem o substitui é o vice-Presidente da república e na ausência do vice-Presidente, está o presidente da Assembleia Nacional", referiu 'Kangamba', questionado pelos jornalistas.

 

Angola realiza eleições gerais a 23 de agosto, vivendo já um período de pré-campanha eleitoral, nomeadamente com troca de acusações entre o MPLA e a UNITA, os dois principais partidos angolanos.

 

"O país está falido. Não há dinheiro, não há medicamentos, não há água, não há luz, não há moral. Há roubos organizados praticados por titulares de cargos públicos. Há crime organizado protagonizado por titulares de cargos públicos, há fraudes financeiras", criticou, na quinta-feira, o líder e cabeça-de-lista da UNITA.

 

Com as eleições em pano de fundo, Isaías Samakuva apresentou os restantes candidatos às eleições gerais e avisou: "Faltam apenas 49 dias para o povo operar esta mudança que Angola precisa (...) para decretar o fim da era do partido-Estado e dos sucessivos golpes de Estado orquestrados por aqueles que assaltaram os cofres do Estado e empobreceram mais de 20 milhões de angolanos, sem nunca terem sido responsabilizados".

 

A UNITA tem vindo a acusar o MPLA de usar meios do Estado durante a pré-campanha de João Lourenço, vice-presidente do partido e cabeça-de-lista pelo círculo nacional, concorrendo assim à eleição, por via indireta, para o cargo de Presidente da República.

 

"Quando dizem que o MPLA está a usar meios do governo na sua campanha política eu não sei que meios são esses. A oposição tem que saber que no MPLA tem empresários, eu sou empresário, apoio o meu partido e outros empresários também apoiam, o resto é mentira", afirmou Bento 'Kangamba'.

 

O polémico general angolano, secretário itinerante do comité provincial de Luanda do MPLA, acusa a liderança da UNITA de estar na origem dessas informações que considerou de "falaciosas".