Luanda - Angola precisa criar uma diplomacia internacional única entre a banca comercial e o banco central angolano para recuperar a sua credibilidade e reputação e assim retomar relações com bancos correspondentes e as operações em dólares.

Fonte: Lusa

A posição foi expressa hoje pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA) no discurso de encerramento do VII Fórum Banca subordinado ao tema Regulação e Supervisão Bancária, promovido pelo semanário angolano Expansão.


"O que, não nos foi pedido, nos foi exigido, é que Angola faça um percurso sério e profundo no reforço da supervisão bancária, para que o seu banco central se torne numa verdadeira autoridade de supervisão e se torne efetivamente um banco central equivalente a qualquer banco central", referiu o governador do BNA, Valter Filipe.


Este desiderato, indicou, apenas pode ser alcançado com o rigor e disciplina dos trabalhadores do BNA e sentido de vocação ao serviço e à lei e à ética dos gestores da banca comercial.


O governador sublinhou que a exigência com que Angola tem que responder para retomar as relações quer com os bancos correspondentes, quer com as operações em dólares, impõem ao país "uma autoridade de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo autónoma, uma supervisão bancária autónoma, forte e produtiva".


Mas igualmente "uma gestão da banca comercial que cumpra as normas, que implemente as normas e que torne as normas efetivas".


"A reputação de Angola e das suas famílias depende deste trabalho, que tem que ser coeso, profundo, sem o qual, poderemos ter muita vontade, mas vamos continuar a ter o quadro de dificuldades que temos", considerou.


O governador do BNA sublinhou que o quadro das reservas internacionais líquidas - os bancos apenas conseguem comprar divisas (euros) ao banco central - angolanas impõe um desafio, que exige de todos "uma gestão sã e prudente" dos recursos externos existentes.


"E impõe a necessidade urgente de promovermos e aumentarmos as exportações para diversificarmos as fontes de entrada de divisas para Angola", disse.


Continuou referindo que a solução para que Angola não tenha "uma história como está a ter a Venezuela" passa por todos perceberem que as reservas de um país são o seu pilar de estabilidade financeira, mas apenas "quando possui uma produção nacional que garanta no mínimo mais de 60% do consumo, o que não é o caso de Angola".


"Significa dizer que as reservas líquidas internacionais são a nossa única solução e se nós tivermos uma redução significativa dessas reservas, Angola deixa de importar medicamentos, bens alimentares e matéria-prima suficiente para a indústria e esta é a responsabilidade pela qual todos nós, no BNA, fazemos o trabalho de as manter num patamar que seja saudável", afirmou.