Luanda - A primeira pedra da refinaria foi colocada na localidade do Giraul de Baixo, município de Moçâmedes, capital do Namibe, e a obra será executada numa área 1.300 hectares, promovida pelos grupos Rail Standard Service e Fortland Consulting Company, ambos da Rússia.

Fonte: Lusa

De acordo com informação transmitida na cerimónia por Anatoly Kazlov, representante dos investidores russos, o projeto passa por instalar naquela região do sul de Angola um grande centro petrolífero, em face das necessidades energéticas de outros países da África austral.

 

Acrescentou que o negócio começou a ser discutido com o Governo angolano há dois anos, avançando agora para a sua implementação, com as obras a arrancarem ainda este ano.

 

A Lusa noticiou a 13 de março que o Presidente angolano autorizou, por despacho, este investimento, o qual prevê, num prazo de 11 anos (pico da produção), refinar por dia 400.000 barris de petróleo, equivalente a um quarto da produção diária de crude angolano.

 

Serão criados ainda 2.100 postos de trabalho para angolanos e 900 para trabalhadores expatriados.

 

O investimento, de 12 mil milhões de dólares (10,5 mil milhões de euros), envolve ainda a execução de infraestruturas integradas de apoio ao projeto, "nomeadamente a construção e administração de uma área habitacional destinada ao alojamento dos trabalhadores, cais de acostagem, central elétrica e uma linha férrea que liga ao Caminho-de-Ferro de Moçâmedes [Namibe] ao Caminho-de-ferro de Benguela", lê-se no contrato com a Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP).

 

O projeto será executado pela NAMREF, sociedade veículo do investimento, a constituir pelos dois grupos russos (75% de investimento pela Rail Standard Service e 25% pela Fortland Consulting Company) e parceiros locais, também conforme prevê o contrato.

 

A primeira fase deste projeto envolve a construção da unidade de dessalgação elétrica do petróleo e conversão normal com capacidade de 10 milhões de toneladas por ano, no prazo de três anos e meio. Esta capacidade, bem como o tipo de produto a refinar, como gasolina, gasóleo e betume, irá aumentar com a concretização das restantes fases.

 

Além das licenças e do terreno, o Estado angolano compromete-se, neste contrato, com a garantia de compra de entre 28.000 barris diários de petróleo bruto (na primeira fase, dentro de três anos e meio) e os 364.00 barris diários (na última fase, dentro de 11 anos).

 

Este investimento surge numa altura em que a construção da refinaria de Benguela foi suspensa pela estatal Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) e que o Governo está a reavaliar o projeto da refinaria no Soyo.

 

A Lusa noticiou em dezembro que Angola importa mensalmente cerca 160 milhões de euros em combustíveis refinados, fornecimento que está a ser dificultado pela falta de divisas e pagamentos em atraso por parte da Sonangol.

 

Os dados constam de uma informação da própria Sonangol, que reconhecia na altura a "limitada" produção nacional de combustíveis refinados, que ronda apenas 20% do consumo total.

 

Além disso, recorda a empresa liderada por Isabel dos Santos, os custos incorridos são em dólares norte-americanos (compra no exterior) e as vendas realizadas em kwanzas no país, num cenário de crise financeira, económica e cambial que Angola atravessa.

 

Angola é o maior produtor de petróleo em África, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude por dia, mas a atividade de refinação está concentrada na refinaria de Luanda.