Luanda - O Governo angolano vai lançar na próxima semana uma Bolsa de Solidariedade Social, para acudir, com o apoio da sociedade, à população mais necessitada e responder a carências sobretudo do período de crise, foi hoje divulgado.

Fonte: Lusa

O projeto, a lançar na próxima terça-feira, foi hoje apresentado pela diretora nacional da Ação Social do Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS) de Angola, Teresa Kivienguele, durante um encontro com os jornalistas, em Luanda, tendo a responsável admitido grandes carências da população, dado o momento de crise.

 

De acordo com a responsável, a Bolsa de Solidariedade Social, proposta pelo MINARS, é uma plataforma que está a ser promovida pelo Governo em parceria com as empresas e demais parceiros sociais.

 

"O primeiro objetivo é o de aumentar o domínio da proteção aos grupos mais vulneráveis, melhorar a coordenação, articulação e a orientação das ajudas. Porque nós temos estado a observar um pouco por todo país que por vezes as ações de solidariedade são direcionadas a um mesmo grupo", explicou Teresa Kivienguele.

 

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial devido a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com fortes reflexos na condição socioeconómica da população.

 

Terminar com as discrepâncias de ações de solidariedade, que por vezes apenas se resumem à capital angolana, é igualmente um dos propósitos desta bolsa, conforme avançou a responsável.

 

"A ideia é expandirmos as ajudas para as várias regiões do país, no sentido de combater a pobreza, reduzir a vulnerabilidade social em que se encontram várias famílias e reduzir igualmente as assimetrias regionais", precisou.

 

É também propósito da criação da Bolsa de Solidariedade Social incutir o espírito de voluntariado no seio da sociedade angolana, por si só "já bastante solidária".

 

Teresa Kivienguele defendeu ainda a necessidade de a sociedade aderir a esta causa solidária, a revelar em pormenor na terça-feira, explicando que a responsabilidade social não deve ser imputada apenas ao Governo.

 

"A responsabilidade da proteção de pessoas vulneráveis não é só do executivo é sobretudo da sociedade, dos vários atores públicos, privados, das famílias das pessoas singulares e de quem tem um bocado e possa partilhar com quem nada tem", sublinhou.

 

Ajudar quem mais precisa é o lema da Bolsa de Solidariedade Social, que prevê um mecanismo de transparência para assegurar que as ajudas recolhidas possam efetivamente chegar aos seus respetivos destinatários.

"Será constituído um Comité de Honra composto por entidades de reconhecida idoneidade ética e moral que nos vão dar essa garantia do trabalho a ser realizado, com suficientes mecanismos de rigor e transparência", assegurou.

 

Questionada pela Lusa sobre o número real de pessoas carenciadas em todo o país, Teresa Kivienguele não avançou dados atualizados: "O Inquérito sobre o Bem-estar das Populações de 2010 apontava que 30% das pessoas em Angola são pobres, um número que terá reduzido em função das ações do Governo, mas o país tem o desafio de saber o número real de pessoas carenciadas", admitiu.

 

Acrescentou que esta bolsa pretende ainda apoiar o funcionamento dos bancos de alimentos que funcionam em todo o país, alargando a atividade à recolha de roupa e de calçado, para posterior distribuição pela população mais carenciada.