Luanda - O candidato do MPLA à Presidência da República não vai poder combater a corrupção nem a crise em Angola por ser “um candidato proposto por um corrupto”, afirmou o general Manuel Paulo Mendes de Carvalho Pacavira, conhecido por General Paka , no programa Angola Fala Só nesta sexta-feira, 14.

Fonte: VOA

"Há que afastar esta gente do poder", diz o general que mantém-se no MPLA

Na conversa com ouvintes e internautas, o General Paka criticou a gestão do Presidente José Eduardo dos Santos a quem deu uma nota 4 numa escala de 0 a 10 (sendo esta a melhor), a pedido de um espectador através do Facebook Live.

 

“Ele é o responsável por este país estar na bancarrota em que se encontra, há fome, há nudez”, afirmou aquele militar na reserva, para quem, por isso, João Lourenço não vai conseguir fazer nada por ser “produto de um grupo que assaltou o país e que extrai tudo que temos para o exterior”.

 

“É um candidato proposto por um corrupto”, reiterou o General Paka que criticou ainda o facto de Lourenço deslocar-se em campanha em avião pago pelo Governo enquanto “Samakuva e Abel vão em avião comercial” e de se decretar tolerância de ponto quando ele está em campanha num determinado lugar.

 

Frente a denúncias de intolerância política por parte de militantes do MPLA, o General Paka reconheceu que “isso não parte do MPLA porque os militantes do MPLA são do povo, mas sim de gente de fora, que sequer são angolanos, que assaltou o poder e que quer criar problemas para continuar no poder”.

 

Ele pediu aos “angolanos que fujam das provocações porque essa gente quer provocar para ter reacções e, então, ter motivos para chamar a polícia e começar a bater”.

 

Ante uma questão de um ouvinte sobre a falta de justiça e a necessidade do recurso à “lei dente por dente, olho por olho”, o convidado condenou essa postura e, embora tenha reconhecido a falta de justiça em muitos casos, defendeu que “se evite a violência e a vingança e que se recorra ao sistema judicial”.

 

Com declarações muito fortes contra o Governo e “essa cambada que assaltou o poder”, o General Paka fez repetidos apelos ao respeito por todos os angolanos, ao respeito pelos partidos políticos e liberdade de escolha dos cidadãos nas eleições de 23 de Agosto.

 

“Temos de votar, respeitar as diferenças e tirar essa cambada do poder que em 42 anos apenas levou o país à fome, à nudez, à falta de escolas e hospitais”, apontou o general que responsabilizou José Eduardo dos Santos por essa realidade ao ponto de “ter de ir ao exterior tratar-se por não termos hospitais aqui”.

 

Sobre a ausência de Santos do país pelo qual foi questionado, o General Paka disse que “diz-se que ele está em tratamento”, enquanto, questionado se o Presidente é de São Tomé e Príncipe, ele afirmou que não “mas tem investigações que apontam noutro sentido”.

 

O militar que questionou por que logo após a independência 90 por cento das pessoas em Malanje, de onde ligou um ouvinte, eram do MPLA e hoje não, apontou o dedo a “não angolanos que assumiram o controlo do regime” e defendeu ser a hora de os afastar para que Angola seja “dos angolanos e dos que amam o país”.

 

Na conversa de 60 minutos, o General Paka abordou várias questões colocadas por ouvintes e internautas, como, por exemplo, se admite concorrer à Presidência e se pensa que Isabel dos Santos e José Filomeno dos Santos poderão gerir bem a Sonangol e o Fundo Soberano.

 

“Frente a este roubo, começo a admitir concorrer para por cobro a este roubo e se for eleito colocaria Isabel dos Santos na cadeia”, respondeu o general, acrescentando que “Filomeno é uma criança, que não tem nenhuma experiência, bem como o Danilo que gasta 500 mil dólares para comprar um relógio quando aqui passamos fome, não temos escolas, nem hospitais”.

 

Na conversa, o General Paka reiterou continuar a ser do MPLA e apontou a necessidade de se discutir a situação de Cabinda das Lundas, mas dividir Angola que “dever ser una indivisível”.