Luanda  - Projectos submetidos ao BCI estão a ser inviabilizados porque o banco está a solicitar aos jovens empresários garantias de reembolso que inclui imóveis com direito de superficie. Administração de Viana nunca atribuiu tal documento aos detentores de imóveis e terrenos naquele municipio.

Fonte: Correio da Kianda

Lançado pelo executivo angolano no principio deste ano, a linha de crédito de apoio ao jovem empreendedor disponibilizado pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) – Projovem, está a beneficiar especialmente pessoas que se dizem empresários, que já têm dinheiro, ou que têm “padrinhos na cozinha” mas não têm histórico de empreendedorismo.

 

A denúncia é feita por jovens empreendedores no município de Viana, que falam de exigências bancárias absurdas com objectivo de impedi-los de serem beneficiados pela linha de crédito.

 

O banco BCI principal parceiro do BDA no projecto, está a exigir como garantia, casas e terrenos com direito de superfície. Um documento que a Administração Municipal de Viana nunca concedeu aos detentores de terrenos ou proprietários de imóveis naquele município.

 

“Há quase 16 anos que trabalho como empresário em Viana. Todo o mundo me conhece, já empreguei mais de 30 pessoas em vários projectos que beneficiaram famílias e jovens com dificuldades. Trabalhei muito para o Partido e sempre contribui para as campanhas do MPLA nas eleições anteriores. Hoje infelizmente, não consigo obter apoio do Ministério da Juventude e Desportos, da JMPLA, do CNJ ou do FAJE para obtenção de um crédito que deverá impulsionar os meus negócios e empregar mais jovens no município de Viana. A confidencia é de um empresário local, que solicitou o anonimato.

 

Outro empreendedor ligado à pesca em Calumbo, fala também de bloqueios desnecessarios, quando o projecto que apresentou ao BCI parecia ser de irrefutável valor e de grande importância já que beneficiaria dezenas de jovens pescadores que dependem dos seus investimentos.

 

“Nasci e cresci na comuna de Calumbo. Sou lider de uma cooperativa de pescador com mais de 40 associados, que pode ir a falência se não tivermos o apoio do governo. Este crédito poderia ajudar a relançar o nosso negócio. Como garantia, apresentei ao banco as minhas casas e lojas, mas estão a exigir direitos de superficie. Já fui a Administração Municipal onde me disseram que é quase impossível obter tal documento. Assim fica complicado. Esperamos que o Ministério da Juventude e Desportos possa olhar para os empresários de Viana. Se não, aquele crédito vai beneficiar novamente aqueles que já têm dinheiro, ou filhos de chefes que têm conhecidos no banco, mas que não vão aplicar o dinheiro em projectos empresáriais que beneficiem verdadeiramente o povo”.

 

Diante de várias reclamações, procuramos falar com Benvindo André, o coordenador do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores em Viana. O jovem político disse ao Correio da Kianda que até ao momento nenhum empreendedor local foi beneficiado pela linha de financiamento Projovem, embora muitos projectos locais tenham dado entrada no BCI para avaliação.

 

Benvindo André apela aos empresários locais a terem paciência, pois acredita que o Executivo vai olhar para os jovens empresários de Viana, e a qualquer momento algum projecto poderá ser aprovado. O empreendedor diz que já tem tudo preparado para apresentar a imprensa o contributo que os empreendedores de Viana têm dado para o fomento do auto- emprego, e do bem estar de muitas famílias naquele município.