Luanda  - Saudações cordiais, à sua Excelência o Senhor Presidente da República de Angola.

Fonte: Club-k.net

Sou omuwambo genuíno, filho legítimo do Kunene com [K] e não com [c], e é com profundo sentimento de tristeza e de desalento que lhe escrevo mais uma vez uma carta, poucos dias de sua Excelência deixar a presidência de Angola.

Na minha carta de 11.09.2016, publicado gentilmente pelo jornal/site mais democrático, mais imparcial e mais lido de Angola, o CLUB-K, sobre a fatídica morte do Professor Doutor António Didalelwa, eu dizia, ao Senhor Presidente, o seguinte, cito:

1. “Nunca, até aqui, em Angola do MPLA, houve um ministro Omuwambo, 2. Nunca o MPLA escolheu, para seu Bureau Politico, um Omuwambo.

Para o MPLA, Ovawambo só servem para a Guerra e para Guarda-Costas.

A maioria dos efetivos da Unidade da Guarda Presidencial são do Kunene [Ovawambo].

A maioria dos seguranças pessoais dos chefes, dos generais, dos ministros, dos secretários, dos edifícios mais importantes em Luanda [Bancos, Parlamento, Ministérios, Procuradoria, vivendas, etc.] são do Kunene, Ovawambo.

Em 2008, houve cheias no Kunene, infelizmente o Presidente do Governo de Angola nunca cá veio para confortar o povo.

Em 2012, houve seca no Kunene, o Presidente do Governo de Angola não veio ao Kunene para confortar o povo.

Na morte do Dr. Didalelwa nem uma mensagem pública da boca do Presidente para confortar a família e consolar o povo do Kunene que lhe deu, por força do bom trabalho do Dr. Didalelwa, 92% de votos em 2012.

Há praticamente 15 anos que o Presidente do Governo de Angola não pisa no Kunene.

Na mesma carta supracitada, também pedia encarecidamente ao Senhor

Presidente, o seguinte, cito:

“Contudo, rogamos ao mesmo Presidente do Governo de Angola que tenha em atenção, na próxima nomeação do novo Governador do Kunene, tendo em conta muitos aspetos sensíveis para o harmonioso desenvolvimento da Província do Kunene. Felizmente, no Kunene, apesar de tudo, já tem quadros suficientes e preparados para levarem a bom porto, com visão holística, responsabilidade, rigor, unidade provincial e decência, o desenvolvimento da Província. Na Angola do presente e do futuro, de “governar com e para o povo”, como disse o Presidente no seu discurso no Congresso do MPLA, precisa-se de homens e mulheres humanizados, patriotas, simples e humildes, rigorosos, visionários e com sentido de estado. Já chega de acomodar, nos cargos de governação, gente e generais sem visão, sem formação, sem humanidade, sem humildade, velhos e caducos.

Senhor Presidente do Governo de Angola, Engo. José Eduardo dos Santos, dê- nos um Bom Governador que continue [e inovar mais], a desenvolver a martirizada e sofrida Província do Kunene. Um Governador que não olhe só pelos seus interesses pessoais, dos seus amigos e seu grupo etnolinguístico de origem. Um Governador que seja elo de unidade entre os filhos do Kunene, e não só. Um Governador que seja inteligente e diligente, académico e do povo, capaz de ir colher, noutros países, bons exemplos de boas práticas de desenvolvimento e de governação, capaz de implementar boas, credíveis e duráveis infraestruturas. Um Governador que tenha visão e determinação, capaz de fazer ruas, mesmo sem asfalto, nos bairros das cidades da Província, capaz de fazer estradas terraplanagem que dê acesso a todos os cantos e recantos da província, a exemplos do saber governar dos kwanhamas da Namíbia, para circulação de pessoas e bens e fomentar, assim, a diversificação da economia. Senhor Presidente, queremos um Governador que ame e forme quadros, futuros da província e da Nação angolana, um Governador à altura dos desafios do nosso tempo, à altura dos grandes homens e mulheres que Kunene tem”.

Infelizmente, mais uma vez o Presidente do MPLA e do governo de Angola, simplesmente assobiou para o lado e olhou para o Kunene como uma aldeia de ignorantes imbecis que não se podem escutar nem prestar atenção e, por isso, mandou- nos o seu amigo general Kundy. Os resultados, da sua nomeação e do desprezo pelo Kunene, estão à vista. Um governador da confiança do Presidente que maltrata o povo, que desconfia de todos, que só fala em feitiçaria e em bruxaria, que insulta e ameaça a todos torto e a direito. Um governador que semeia desunião entre os filhos do Kunene, que semeia conflitos, tribalismo e ódio entre Ovawambo (kwanhamas) e nhaneka- ñkumbi. Um governador que odeia os quadros e seletivamente assassina-os politicamente e suja-os criminalmente para não terem um futuro político. É com muita pena que o Senhor Presidente deixa a presidência de Angola sem que, durante 10 anos de mandado, legitimamente eleito viste a província do Kunene e assim sai da cena política sem história honrosa nem saudades para o povo do Kunene.

Senhor Presidente, desta vez, já aprendemos a lição. Por isso, vamos mostrar o nosso descontentamento no dia 23 de agosto, com muita pena do prejuízo para o Senhor João Lourenço. Vamos votar na oposição ou simplesmente nos abstermos. Porque agora já temos provas evidentes de que o MPLA não é amigo do Kunene, apenas um explorador da bravura e lealdade inocente dos kunenenses para os interesses superiores de Luanda. Muito obrigado, Senhor presidente José Eduardo dos Santos por deixar que o povo do Kunene seja humilhado, maltratado e divido por ignóbeis desejos de vingança dos seus amigos.

Nicodemos Mbia