Luanda - Os funcionários da Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana retomaram hoje os trabalhos, ao fim de 15 dias de paralisação, mas admitem nova greve em setembro, por tempo indeterminado, caso não sejam resolvidas as suas reivindicações.

Fonte: Lusa

A informação foi transmitida hoje à agência Lusa pelo secretário-geral do Sindicato Nacional dos Técnicos de Justiça e Administrativos da PGR de Angola, Elias Pinto, aguardando que «os diplomas para remuneração e reconversão dos funcionários» estejam aprovados em agosto.

 

«De facto retomamos já o trabalho, mas com a previsão de que, caso não seja resolvido até após as eleições (23 de agosto), em setembro voltarmos a parar por tempo indeterminado, porque até agora a entidade empregadora nada disse», precisou.

 

O sindicalista, que voltou a lamentar o silêncio da direção da PGR, disse igualmente haver «falta de vontade política» na resolução dos problemas dos funcionários, muitos dos quais a aguardarem há 15 anos por promoções nas respetivas categorias.

 

«Desde que parámos, nunca existiu qualquer reação da direção da PGR, e até hoje temos estado assim, cruzam-se connosco nos corredores e ninguém fala para ninguém e assim vamos sem qualquer reação da direção», explicou.

 

Melhoria das condições laborais, ajustes salariais e promoções de categorias são algumas das reivindicações dos funcionários da Procuradoria angolana.

 

Durante a paralisação, que começou a 10 de julho, o sindicato disse que magistrados da PGR estavam a recorrer aos instrutores processuais do Serviço de Investigação Criminal para alguns trabalhos, face ao impacto da greve dos funcionários daquele órgão.

 

Elias Pinto denunciou ainda alegadas intimidações nas províncias do Bengo, Luanda e Huíla, incluindo casos de alguns magistrados que estavam a arrancar dísticos e anúncios de greve afixados nas secções pelo sindicato.

 

A Lusa noticiou anteriormente que a PGR desconhecia as reais razões da greve convocada pelos funcionários, garantindo que todas as reivindicações apresentadas durante as negociações foram atendidas.

 

«Nós estamos estupefactos porque, de facto, havia uma negociação e tínhamos chegado a um acordo e, portanto, não percebemos o porquê desta greve anunciada agora. Todas as reivindicações dos funcionários foram atendidas», disse na ocasião a diretora do gabinete de Intercâmbio e Cooperação Internacional da PGR.

 

Eduarda Rodrigues afirmou que não existiam fundamentos para a anunciada greve, porque toda a ronda negocial foi pautada por diálogo e acordos entre as partes, garantindo que os subsídios em atraso «foram já pagos» e que uma proposta legislativa foi já remetida ao executivo.

 

Reagindo às declarações da diretora do gabinete de Intercâmbio e Cooperação Internacional da PGR, Elias Pinto esclareceu que os funcionários aguardam há cinco anos pela aprovação dos diplomas sobre a reconversão e remuneração, sendo esta também uma das motivações da greve que pode ser retomada em setembro.