Luanda - Os programas de governo dos partidos concorrentes às eleições de 23 de agosto em Angola pouco ou nada dizem sobre a população rural. A crítica é da organização não-governamental angolana Associação Construindo Comunidades (ACC), com sede na província angolana da Huíla, que trabalha com a população rural do sul e do sudoeste de Angola.

Fonte: DW

A ONG angolana lembra que temas como a fome e a seca que assolam o sul do país, por exemplo, nem sequer estão contemplados nos manifestos dos partidos, que não apresentam políticas específicas sobre a população rural.


O diretor-executivo da ACC, Domingos Fingo, duvida que a questão da fome e da seca venha a ser incluída nas propostas, uma vez que a campanha eleitoral já arrancou oficialmente no último domingo (23.07).


"Eu não acredito muito. Gostaríamos que assim fosse", afirma.

PRS promete financiamento

A associação esteve presente, esta segunda-feira (24.07), num encontro, na Huíla, com o candidato do Partido de Renovação Social (PRS) à presidência da República, Benedito Daniel, cujo programa de governo prevê financiamento para as organizações da sociedade civil que operam em Angola.


Seca e fome esquecidos nos manifestos eleitorais em Angola


"No nosso programa damos liberdade à sociedade civil e concebemos um programa de financiamento mediante projectos que as próprias organizações da sociedade civil irão apresentar. Não vamos estratificar. Financiamos a AJAPRAZ (ONG angolana) e a ACC", afirmou Benedito Daniel.


Milhares de pessoas continuam a passar fome no sul de Angola desde finais de 2010. As províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango são as mais afetadas.


Domingos Fingo sublinha que a situação das populações é cada vez mais preocupante. "As secas cíclicas resultantes do fenómeno El Niño estão a sacrificar, sobremaneira, a sobrevivência da própria população", diz.


Também são necessárias políticas de luta contra o analfabetismo nas localidades onde a ACC trabalha. Segundo o diretor-executivo, cerca de 95% das comunidades com as quais trabalham são analfabetas. "Não sabem ler nem escrever, não sabem sequer expressar-se em língua portuguesa", explica.