Luanda - Mais de 120 instituições do ensino superior aguardam pelo seu licenciamento junto do Ministério de tutela. Em termos qualitativos, este número revela um crescimento da população estudantil em Angola.

Fonte: Facebook

Um dos trunfos do Executivo nesta campanha eleitoral tem sido o crescimento do sector da educação nestes últimos 15 anos de paz. Se é certo que houve um incremento em termos quantitativos, não é menos verdade que a qualidade do nosso ensino tem deixado muito a desejar, devido, sobretudo à inversão da pirâmide… O ensino de base, que deveria ser prioritário, foi relegado para patamares inferiores, daí os alunos chegarem ao ensino superior com uma amálgama de insuficiências e «deficiências de fabrico» …


O número crescente de abertura de instituições do ensino superior não pode ser dissociado do fenómeno da «doutoromania», que consiste numa corrida desenfreada aos «canudos»... Como resultado disso, hoje temos doutores para todos os gostos e feitos que, sofrivelmente, grafam a palavra «chouriço» com «X», «C» em vez «S», economistas que dizem «porcentos» … estudantes universitários e «Doutores» que não sabem colocar uma crase (contracção do artigo (a) e da preposição (a) «À», coisas que antigamente se aprendiam na 3 ou 4.ª classe…Alunos universitários que não dominam a tabuada, que recorrem às «canadianas» (Máquinas calculadoras) para executarem uma simples operação de multiplicação ou de somar...


Muitos dos nossos estudantes universitários, assim como «doutores» enfermam de uma série de debilidades e limitações, sendo bastante visíveis os erros ortográficos ou/e de sintaxe, quando chamados a redigir um simples texto ou uma carta. Sem a mínima ponta de humildade, alguns aparecem nas rádios e TV de peitos inflamados, prenhes de uma série de valências e títulos pomposos, mas que, ao contrário, de transmitirem ciência e conhecimento desdobram-se em bajulices...


Uma das causas do fiasco do nosso ensino tem a ver com a qualidade dos professores, visto que os melhores quadros migraram para outros sectores em busca de melhores condições de vida. Uma das formas de inverter a pirâmide seria fazer com que os quadros recém-licenciados que queiram abraçar à docência fossem obrigados a dar aulas, durante um certo período de tempo no ensino de base, pagando-se-lhes salários actrativos.


Diante deste quadro, não seria altura de repensar seriamente a qualidade do nosso ensino, rever ou abolir a tão propalada Reforma da Educação que já se revelou um autêntico fracasso?


Será que Angola precisa assim de tantas instituições do ensino superior, de tantos doutores, quando a aposta deveria ser nesta fase na formação de quadros médios técnico-profissionais para alavancar a agricultura e a indústria? Ou a abertura de instituições do ES tornou-se num negócio bastante rentável, ao ponto da qualidade do ensino ter sido relegada para o segundo plano?