Luanda - O cabeça-de-lista do Partido de Renovação Social (PRS) às eleições angolanas de 23 de agosto, Benedito Daniel, desafiou hoje os restantes concorrentes para um debate sobre Angola, juntando-se a apelos idênticos feitos pelos candidatos da UNITA e da CASA-CE.

Fonte: Lusa

Entre os objetivos da oposição está, nomeadamente, um debate envolvendo o candidato João Lourenço, cabeça-de-lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola desde 1975, que até ao momento apenas concedeu uma conferência de imprensa coletiva com órgãos angolanos.

 

Nas eleições gerais angolanas, o cabeça-de-lista de cada partido pelo círculo nacional concorre à eleição, indireta, para Presidente da República, cargo ao qual já não se candidata José Eduardo dos Santos (MPLA), após 38 anos no poder.

 

Em período de campanha eleitoral, que decorre até 21 de agosto, os candidatos da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, e da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, já fizeram nos últimos dias desafios diretos para um debate com João Lourenço, pretensão que ficou sem resposta.


Hoje foi a vez de Benedito Daniel, líder e cabeça-de-lista do PRS - partido que defende o federalismo em Angola -, que em conferência de imprensa realizada em Luanda explicou que o repto vai no sentido de debater sobre o modelo de governação mais válido e qual o programa de governação mais adequado para os angolanos.

 

"Nós defendemos e insistimos que para uma nação como Angola, seja pela sua extensão territorial, pelo seu mosaico étnico, seja pela sua história, precisa de alguma descentralização, de alguma desconcentração, porque a concentração de poderes em Luanda não resolve problemas para os angolanos, nem hoje, nem agora, nem amanhã", disse.

 

Às eleições gerais angolanas concorrem ainda, pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Lucas Ngonda, e pela Aliança Patriótica Nacional (APN), Quintino Moreira.

 

Em conferência de imprensa de balanço da campanha eleitoral, que arrancou a 23 de julho, e concorrendo às eleições gerais de Angola pela primeira vez, Benedito Daniel considerou o trabalho como "positivo" e realçou a recetividade que diz estar a encontrar, por parte dos eleitores.

 

Na sua intervenção, Benedito Daniel afirmou que o PRS, terceira força da oposição angolana, terá delegados de lista em todas as mesas e assembleias de voto, contudo, manifestou descontentamento relativamente a uma alegada imposição de "barreiras", pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quanto ao escrutínio e a contagem dos votos.

 

"A CNE ainda continua a excluir os partidos políticos concorrentes dos centros de escrutínio, o que nós aceitamos, e se queremos que essas eleições tenham lisura e transparência, ela reside exatamente na contagem de votos, transparência exatamente reside na presença dos atores nos centros de escrutínio", disse.

 

Para Benedito Daniel, a CNE está a dar-se "ao luxo" de excluir os atores políticos dos centros de escrutínio, limitando-os a serem "testemunhas" de eleições que "são falsas".

 

"Se isto acontecer não iremos reconhecer os resultados das eleições", referiu.

 

De acordo com o presidente do PRS, a lei estabelece a presença de representantes de todos os candidatos nos centros de escrutínio, contudo, das eleições já realizadas tiveram alegadamente a sua representação.

 

"Estamos a ver que desta vez não vai ser diferente, porque estas discussões estão a ser feitas largamente na CNE e continua a defender a exclusão dos partidos políticos nos centros de escrutínio", criticou.

 

O artigo 118 da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, no seu capítulo sobre o Apuramento das Eleições Gerais, secção I, relativa ao Apuramento nas Mesas de Voto, estabelece que os partidos políticos e coligações de partidos políticos "têm o direito de assistir a todas as atividades de apuramento e de escrutínio a todos os níveis, através de um mandatário designado e de receber cópias das atas produzidas".

 

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, com seis formações políticas concorrentes, contando com 9.317.294 eleitores em condições de votar.

 

A campanha eleitoral em Angola decorre até 21 de agosto.

 

Nas eleições gerais são eleitos o parlamento, o Presidente da República e o vice-Presidente.