Luanda - Em 2 de Agosto de 2007, o lendário “Yembe” encerrou a sua longa, espinhosa mas também nobre trajectória terrena, marcada por vitórias e derrotas no campo de batalha, contra o hediondo colonialismo português e, na arena diplomática, contra as forças que remavam no sentido contrário ao da liberdade do Povo angolano.

Fonte: Club-k.net

O passamento físico do Ícone do 15 de Março de 1961, não o impede de estar presente na memória colectiva dos Angolanos, mesmo daqueles que procuram adulterar a essência da História contemporânea de Angola. Álvaro Holden Roberto continua bem presente. Aliás, ele próprio definiu bem essa presença espiritual no seu consagrado poema “Quando eu morrer”.

 

Dentro de dias celebraremos o décimo aniversário do decesso do Patriota que conduziu, vitoriosamente, a heróica Luta do Povo angolano que abriu as portas do Hotel Penina onde foi solenemente rubricado o histórico mas esquecido Acordo de Alvor, entre o Governo português e os três Movimentos de Libertação, FNLA, MPLA e UNITA.

 

Com efeito, mesmo distante do teatro dos confrontos fratricidas, Álvaro Holden Roberto, em Janeiro de 1990, durante uma conferência de imprensa realizada em Paris, França, onde se encontrava forçosamente exilado, divulgou ao mundo o anteprojecto que viria a tornar-se em Acordos de Bicesse assinado pelos dois beligerantes. Esse anteprojecto foi pronta e patrioticamente enviado ao Presidente José Eduardo dos Santos e ao Presidente da UNITA Jonas Malheiro Savimbi, tendo sido reservadas cópias aos Governos dos Estados Unidos e de Portugal.

Assim, por tudo quanto é referenciado acima e por outras acções patrióticas, Álvaro Holden Roberto “Yembe” continuará bem presente nas nossas memórias, mas esquecido por aqueles que governam o nosso País. Será justo esse esquecimento e quais são as razões que estão na base dessa atitude antipatriótica? Vingança, ódio, discriminação ou medo da história? Coloquemo-nos acima de todas essas mesquinhices e priorizemos o fundamental, porque Álvaro Holden Roberto “Yembe” contribuiu sobremodo para a libertação de Angola que é de todos nós e onde cabemos todos. É, pois, justo e urgente que cobremos às instituições que governam o país o merecido lugar de Álvaro Holden Roberto “Yembe” no “Panteão” angolano.

 

O que entendemos nós por “Panteão” angolano? Para nós significa reconhecer os méritos de um dos Mais Dignos Filhos de Angola e Destacado Patriota, reparando uma inaceitável injustiça. Por conseguinte, o Estado deve cuidar e dignificar o Local e o Túmulo onde repousam os restos mortais do Leão do “Ntaninu” (terra natal dos ancestrais de Álvaro Holden Roberto “Yembe”.) A Pátria deve honrar os seus filhos que se destacaram na Luta pela sua libertação e não denegri- los e votá-los a um ostracismo vergonhoso e injustificado. Se os estrangeiros são dignificados e homenageados, porque não os nossos compatriotas?... O valor de uma Nação também se mede pelo valor dos seus filhos, sobretudo daqueles que se destacaram em vários domínios para dar nascimento à própria Nação. É bom também lembrar que Álvaro Holden Roberto foi um dos co-fundadores da jovem Nação angolana.

Mais vale tarde que nunca, dizem os sábios. Isso significa que o Estado angolano ainda vai a tempo de corrigir o que está errado, dando a Álvaro Holden Roberto “Yembe” o seu verdadeiro lugar nos anais da História de Angola, porque ele bem merece.

ÁLVARO HOLDEN ROBERTO “YEMBE” SEMPRE BEM PRESENTE!

Bem-haja Angola de todos nós e onde cabemos todos!

NGOLA KABANGU (Nacionalista e Antigo Combatente do 1o Grau)