Luanda - A colocação nesta sexta-feira, 04, da primeira pedra para a construção da barragem de Caculo Cabaça pelo PR, JES, deu novamente largas à imaginação e azo à mania das grandezas… Sem a mínima ponta de modéstia, já se diz que a barragem vai colocar «Angola no lugar cimeiro em África em termos de energia».

Fonte: Facebook

A história não é nova. Há coisa de há poucos anos dizia-se, de peito inflamado, que a barragem de Capanda iria resolver todos os problemas de energia do país e o excedente seria exportado para os países vizinhos. Acontece que a barragem foi concluída há coisa de dois anos, e os problemas de energia continuam quase na mesma, mal chega para acudir as necessidade de Malange, a província onde está localizado o empreendimento. Apenas dois dos catorze municípios daquela província dispõem de energia eléctrica de Capanda.


Acerca das hidroelétricas de Cambambe e Laúca muito se falou sobre um suposto «milagre energético» que elas iriam proporcionar qualidade de vida aos milhões de consumidores angolanos. Debalde! Honestamente falando, estas barragens podem ter trazido algumas melhorias em matéria de produção de energia e distribuição, mas estão longe de resolver os graves problemas energéticos do país, sobretudo de Luanda onde a escuridão passeia pelas ruas da cidade de mãos dadas com a criminalidade.


À primeira vista, fica-se com a ideia de que há uma vontade férrea de resolverem os problemas energéticos do país a partir de fontes hídricas, mas essa aparente intenção esbarra quando o cidadão é confrontado com as notícias que dão conta da montagem de gigantescas centrais térmicas em várias províncias do país, com elevados consumos de gasóleo.


Neste âmbito, previa-se a entrada em funcionamento de três «térmicas» que deveriam fornecer energia às cidades do Namibe, Lubango, Benguela e Huambo. Promessas que não passaram disso mesmo...Às vezes, o cidadão é levado a pensar que as fontes térmicas serão a solução e não uma alternativa, a avaliar pela corrida desenfreada aos grupos geradores.


Não tenho dúvidas que o Executivo esteja empenhado em inverter o quadro actual, mas seria bom que deixasse de parte esses exercícios de retórica eleitoralista e a mania das grandezas de que somos os «Melhores de África», quando a realidade no terreno é bem diferente daquilo que tem sido propalado… A humidade e sobriedade não fariam mal ao Executivo antes, pelo contrário, só o enobreceria!