Luanda - A psicóloga Encarnação Pimenta, abordada pela nossa reportagem,  salientou que a prática da prostituição não deve ser olhada apenas como um fenómeno social de carácter económico ou objecto para o mercado, mas como um factor de grande anuência psicológica, que deve ser analisado fundamentalmente como um fenómeno psíquico.

  “Durante o acto sexual a prostituta utiliza o corpo como objecto para sedução dos clientes e o órgão sexual, que por sua vez devia ser usado para determinar a satisfação da actividade fisiológica, o chamado prazer sexual, é utilizado de forma passiva”, considerou a psicóloga.

Segundo ela, no seio da família tem uma repercussão muito grande que é o desrespeito e a desvalorização deste conjunto. Mesmo que a prostituta se afaste do seu seio, o estigma social permanece. Encarnação Pimenta explicou que as pessoas que se tornam prostitutas são inseguras do ponto de vista psicológico e têm um trauma que torna as suas personalidades inseguras.

Daí a prática sucessiva do acto sexual para se sentirem seguras em relação a alguém. A psicóloga considera que é muito estreita a ligação entre o assédio sexual e a prostituição, pelo facto de as empregadas seduzirem os chefes para conseguirem um aumento salarial ou, durante a adolescência, as alunas aos professores para conseguirem uma nota alta.

A última situação é mais grave, porque é na infância, segundo Encarnação Pimenta, onde se cultivam os piores hábitos, tendo em conta que a criança cresce psicologicamente dominada por aquela atitude. A nossa interlocutora é contra a profissionalização desta prática, por causa das possíveis consequências que essa medida poderá trazer.

Para ela, a prostituição é um fenómeno que tem carácter patológico, que tende a tomar proporções mais alarmantes. “Se a prostituição é um problema apenas do foro material, então todas as pessoas pobres seriam prostitutas. A questão não é apenas económica, mas sim uma problemática que deve ser tratada a nível da personalidade humana”, explicou Encarnação Pimenta, adicionando que “o prostituto (homem ou mulher), do ponto de vista psicológico, não tem capacidade de controlar os seus afectos e em termos de sintomas podem ser julgados com o mesmo sintoma do cleptomaníaco, o pedófilo ou o incestuoso”.

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Fonte: O País