Luanda - Peter Hill saiu da liderança da companhia aérea angolana em Julho deste ano. Em entrevista ao jornal angolano Expansão diz que há muitos funcionários que sabem da corrupção mas têm medo de falar.

Fonte: Negocios/Expansao

O ex-presidente da TAAG, o inglês Peter Hill, diz que quando chegou à companhia aérea angolana "a corrupção era abundante a todos os níveis". Uma situação que permanece, embora em menor escala.

 

"Ainda hoje existe, mas em menor extensão. Mas apesar dos esforços da minha administração para enfrentar esses problemas conhecidos, ainda existem pessoas protegidas que beneficiam dessa actividade criminosa. Muitos funcionários sabem o que está a acontecer, mas não estão dispostos a falar por terem medo de perder o seu emprego ou de sofrer outras represálias", afirma Peter Hill em entrevista ao jornal Expansão, publicada sexta-feira, 11 de Agosto.

 

O gestor chegou à TAAG em 2015, tendo sido nomeado presidente por indicação da Emirates, com a qual o Governo angolano havia celebrado um contrato de gestão para tirar a empresa da situação deficitária em que se encontrava. A Emirates cancelou o contrato em Julho deste ano, alegando incumprimento da parte angolana, particularmente por não conseguir fazer o repatriamento de divisas.

 

Na entrevista, Peter Hill reconhece que foi alvo de campanhas de difamação e diz que as mesmas foram orquestradas "por aqueles que mais perderam com a reestruturação da TAAG por eliminarmos a corrupção e a má gestão, reduzirmos o desperdício e as despesas desnecessárias, aumentarmos a eficiência e implementarmos melhores práticas de trabalho".

 

"As despesas não contabilizadas e os custos perdidos detectados no relatório e contas de 2014/2015 são um bom exemplo da magnitude dos erros que estavam a acontecer na TAAG antes da nossa chegada. As descobertas relativamente recentes de impostos não pagos pela TAAG na Namíbia e no Brasil, ambos relativos a muitos anos de trabalho e que resultaram agora em multas de milhões de dólares é outro exemplo", afirma Peter Hill na entrevista ao Expansão.

 

Peter Hill diz que o futuro da TAAG está naos mãos do Governo, o qual tem duas alternativas: "seguir o caminho da mudança que oferece um futuro à companhia aérea e ao país, ou retornar aos hábitos do passado, que todos nós trabalhámos no duro para deixar para trás. Eu apoio o caminho da mudança e tenho a certeza de que o senso comum prevalecerá no longo prazo".