ImageLuanda - O Bispo da Dioceses do Kuito (província do Bié, Angola), Dom José Nambi, manifestou-se recentemente preocupado com “as marcas de ressentimento que prevalecem na mente de alguns cidadãos por causa do passado de guerra (sic!)”.

Também estou (muito) preocupado.  

Sua Reverendíssima deverá saber (melhor ou) tanto quanto eu, que, contrariamente ao que era suposto, possível e desejável, ainda há, em toda extensão do território nacional, feridas que, devido a guerra que assolou o nosso País, (ainda) sangram e cicatrizes que (ainda) doem quando tocadas.

Por isso, a sua preocupação com o ressentimento que prevalece na mente de alguns (mas quase todos) cidadãos por causa do passado da guerra faz todo (e mais algum) sentido. Estou consigo.

Sua Reverendíssima deverá saber (sabe com certeza!) que o ressentimento que prevalece na mente de alguns cidadãos por causa do passado da guerra decorre do facto de terem acreditado um dia que, terminada a guerra, teriam uma vida mais condigna, coisa que não aconteceu.

Dom José Nambi afirmou, por outro lado, que apesar das iniciativas de Paz e reconciliação nacional, há pessoas que continuam a evocar mágoas do passado, marcas muito profundas deixadas pela guerra.

É natural, Sua Reverendíssima, que haja pessoas que ainda evoquem as mágoas do passado por a guerra ter deixado marcas muito profundas.

E sabe porquê? Porque, quanto a mim, o final da guerra apanhou o Governo do Menos Pão Luz e Água com as calças na mão. Ou seja, sem uma agenda social de modo a satisfazer as condições sociais básicas que milhões de angolanos jamais tiveram desde a independência nacional aos dias de hoje.

Fonte: NL