Luanda - Digo com toda a sinceridade: ter tido a oportunidade de trabalhar com José Eduardo dos Santos, durante mais de 20 anos, foi um dos maiores privilégios que tive na vida. Desde logo, por se tratar do Presidente da República.

Fonte: JA

Mas, acima de tudo, por ter podido aprender e crescer com os ensinamentos e o exemplo de um líder muito, mas mesmo muito bom.


José Eduardo dos Santos é um grande líder, de uma dimensão que hoje, julgo eu, é atingida por poucos Estadistas em África e mesmo em todo o Mundo.


Ao lerem o que acabei de expressar, não faltará quem exclame: “Que exagero!”; “Bajulação!”. Respeito todas as opiniões. Por favor, respeitem também a minha. É a avaliação que faço da liderança do Presidente José Eduardo dos Santos.


Neste artigo quero deixar o meu humilde testemunho sobre as grandes qualidades que reconheço no nosso Presidente da República, o Eng. José Eduardo dos Santos.


Em finais do ano de 1989, há 27 anos, tinha eu menos de 30 anos e era na altura Professor Assistente Estagiário na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, fui trabalhar no Gabinete do Presidente da República. Assumi as funções de Técnico Superior, colocado na Assessoria Económica e Social. Mantive esta posição até ao ano de 1994.


Depois de um interregno, entre 94 e 99, em que fui o Representante Comercial em Espanha, retomei a minha posição de Técnico Superior na Assessoria Económica e Social do Presidente da República.


Em Dezembro de 2001 fui nomeado Assessor Económico do Presidente da República, cargo que desempenhei até Janeiro de 2010. Entre 2010 e 2012 fui Vice-Ministro do Comércio e entre 2012 e 2016 Presidente da Comissão do Mercado de Capitais. Desde Setembro de 2016, sou Ministro das Finanças.


Lembro-me que a primeira reunião restrita com o Presidente José Eduardo dos Santos em que participei foi uma audiência que o Presidente concedeu ao Primeiro-Ministro da altura, em que, para além do Assessor Económico e Social, também estive presente. Esta reunião foi nos anos 90.

De lá para cá, foram muitos os contactos que mantive com o Presidente José Eduardo dos Santos, directos ou indirectos, esporádicos ou frequentes. Os períodos em que tive contactos pessoais mais frequentes com o Presidente José Eduardo dos Santos, nomeadamente através de audiências de despacho, foram quando desempenhei as funções de Assessor Económico e, mais recentemente, enquanto Ministro das Finanças.


Mas o objectivo deste artigo não é – de todo – falar de mim. É sim exaltar a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos. Só referi o meu percurso para enquadrar a minha relação institucional com o Presidente.
Desde que ingressei como Técnico Superior no Gabinete do Presidente da República, comecei a ter contactos indirectos com o Presidente José Eduardo dos Santos. Não só eu como todos os técnicos do Gabinete. E por mérito do Presidente.


O Presidente lê com cuidado os documentos produzidos pelos técnicos. E, se necessário, corrige-os, seja a forma, seja o conteúdo. O Presidente José Eduardo dos Santos conhece o trabalho de cada um dos seus técnicos. E os técnicos vão conhecendo a metodologia de trabalho do Presidente e vão aprendendo – e muito – com as observações que o Presidente escreve nos documentos que cada técnico elabora.


Para além de um chefe, directo ou indirecto, acima de tudo o Presidente José Eduardo dos Santos foi para todos nós, jovens e menos jovens, um grande professor, um grande educador.


Líderes são pessoas que exercem influência destacada sobre outros, mobilizando-os para mudanças transformacionais que servem o seu propósito mútuo. Aprendi-o com especialistas em liderança, entre eles o Prof. Amândio Vaz Velho.
Os líderes são avaliados pelo que são capazes de fazer acontecer e pela forma com os liderados os percepcionam. Ou seja, pelos resultados e pelas qualidades que os liderados identificam neles.


Do ponto de vista dos resultados, o Presidente José Eduardo dos Santos mobilizou-nos para mudanças de grandíssimo valor nacional. E, unindo os Angolanos, levou-nos à sua concretização. De facto, os feitos da liderança do Presidente José Eduardo dos Santos são enormes.


Entre os extraordinários resultados da liderança do Presidente José Eduardo dos Santos, todos identificamos pelo menos cinco grandes feitos: a preservação da integridade territorial, a paz, a reconciliação nacional, a reconstrução nacional, a institucionalização da democracia.


Quero acrescentar três apreciações pessoais que, para mim, representam feitos verdadeiramente extraordinários da liderança do Presidente José Eduardo dos Santos.


Primeiro, exercendo a Presidência ao longo de 37 anos, José Eduardo dos Santos teve sabedoria para nunca ter de enfrentar uma grande convulsão interna, seja militar, política ou social. Com as características de Angola e de África, 37 anos no exercício do poder, integrando cada vez mais sensibilidades, sem nunca se gerar nenhuma ruptura interna grave, é obra. O Presidente José Eduardo dos Santos é de facto um grande reconciliador, um grande integrador.

Segundo, acrescento a invulgar visão com que o Presidente José Eduardo dos Santos conduziu o processo de fim da guerra, representado simbolicamente pela célebre instrução dada aos seus comandantes em Fevereiro de 2002: “Nem mais um tiro”. Eximiamente, José Eduardo dos Santos, apesar de ter meios para isso, não quis que a guerra terminasse com uma capitulação. Percebeu, antes de todos e acima de todos, que era essencial para o País a preservação da vida e da dignidade dos irmãos desavindos.


A preservação da vida de todos, tanto camaradas como adversários, é um elemento central do pensamento e da acção do Presidente José Eduardo dos Santos. O Presidente valoriza, acima de tudo, a vida, a dignidade e o bem-estar das pessoas. O Presidente percebeu muito bem que a guerra deveria terminar, sem mais baixas, gerando imediatamente um processo de reconciliação nacional, para que juntos pudéssemos construir um país estável, próspero e democrático. Isto é de um grande visionário, de um grande patriota e de um ser humano magnânimo.


Terceiro, tem sido impressionantemente sábia a forma como José Eduardo dos Santos está a gerir a actual transição de liderança no País, com a passagem do testemunho para o futuro Presidente da República – assim espero – João Manuel Gonçalves Lourenço.


Em cada etapa da nossa História, o Presidente José Eduardo dos Santos tem sabido sempre o que fazer em benefício do País, quando fazer e, o que pessoalmente muito me impressiona, como fazer. Neste momento e nesta transição, está mais uma vez a demonstrá-lo.


O Presidente José Eduardo dos Santos possui grandes virtudes. São qualidades que se destacam, que impressionam, e que têm de estar presentes no Homem. Porque no núcleo de um político de elevadíssima classe tem de estar um homem de elevadíssimas virtudes. Não se trata de uma afirmação meramente retórica, simpática e muito menos gratuita.

Digo-o com toda a convicção. Por isso, não é fácil identificar um conjunto restrito de virtudes que mais se destacam no Presidente José Eduardo dos Santos.


Ao longo de quase 30 anos, servi o País servindo o Presidente José Eduardo dos Santos. Com base na minha vivência, vou destacar as seguintes cinco virtudes do Presidente José Eduardo dos Santos. Estou consciente que a minha avaliação vale o que vale e que há outras avaliações, mais ou menos elogiosas, mais ou menos críticas. Mas esta é a minha.


1. Saber ouvir. O Presidente José Eduardo dos Santos tem uma capacidade extraordinária para ouvir os seus colaboradores. Mas é mesmo ouvir. Não é somente escutar. É ouvir com gosto, valorizando o que as outras pessoas dizem, com toda abertura para incorporar a opinião dos outros nas decisões que toma. É sempre o último a falar. O Presidente valoriza e promove o trabalho em equipa. “Ninguém sabe tudo e ninguém pode fazer tudo sozinho”, disse o Presidente José Eduardo dos Santos num discurso proferido em 2011. Esta é uma crença profunda do Presidente. É assim mesmo que ele pensa e age. É assim mesmo que ele é.


2. Discernimento Profundo. O Presidente José Eduardo dos Santos, ao longo de décadas de evolução do País, de África e do Mundo, das instituições e dos anseios das pessoas, tem sabido discernir o fundamental em cada momento, o sentido dos eventos que vão ocorrendo e os padrões que se vão formando. Este profundo discernimento permite-lhe sempre identificar o grande princípio orientador que em cada fase deve ser seguido, funcionando como alinhamento de toda a acção.


3. Capacidade de tomar decisões. Quando tem que decidir, o Presidente José Eduardo dos Santos decide com rapidez, com pragmatismo, mesmo correndo riscos. Sabe muito bem quando é o momento de tomar uma decisão, de chamar os seus colaboradores para lhes revelar claramente o seu pensamento, quando é o momento de estabelecer as grandes orientações. O Presidente José Eduardo dos Santos é uma pessoa cândida. Mas não se confunda educação, cortesia, urbanidade, suavidade – até no tom de voz – com qualquer fraqueza. O Presidente José Eduardo dos Santos é um homem forte, mas mesmo muito forte, que sabe decidir no tempo certo.


4. Perspectiva e acção de longo prazo. Uma palavra, uma decisão, um acto do Presidente José Eduardo dos Santos, aparentemente simples ou solto, pode ser mais um tijolo num edifício que está pensado para vir a ser concretizado muitos anos depois. Por exemplo, algo que o Presidente José Eduardo dos Santos tenha dito ou orientado em 2005, poderia ter sido um passo preliminar de um projecto que estava pensado e que seria lançado em 2010, ou mesmo em 2015. O Presidente José Eduardo dos Santos é uma pessoa muito calma, muito serena, com um grande autocontrolo. Talvez isso venha da segurança interior que resulta de saber em cada momento de onde vem e para onde vai – dizendo melhor, de onde vimos e para onde vamos. E para ser capaz de seguir o rumo que em cada fase estabelece, sempre em diálogo com os seus liderados, o Presidente José Eduardo dos Santos é dotado de uma grande paciência e de uma extraordinária autodisciplina.


5. Aposta na juventude. Vejamos o que o Presidente José Eduardo dos Santos escreveu, referindo-se ao Presidente Agostinho Neto: “Numa perspectiva de chamada de atenção para as gerações mais novas, creio que interessa muito mais acentuar a sua crença no valor dos jovens, não hesitando em conferir-lhes tarefas de grande responsabilidade, muitas vezes contrariando a opinião dos quadros mais experientes. Conseguia, assim, que a tradição e a maior experiência fossem temperadas com a audácia, a imaginação e o sentido de iniciativa da juventude, preparando-a para assumir na hora própria o legado dos Mais Velhos”. É também assim que o Presidente José Eduardo dos Santos pensa e age. Muitos jovens que cresceram em ligação directa ou indirecta com o Presidente José Eduardo dos Santos, onde me incluo, são um exemplo vivo disso. Muitos grandes técnicos, gestores e políticos deste País são obra da escola do Presidente José Eduardo dos Santos. Fizeram-se grandes, porque na sua juventude, o Presidente José Eduardo dos Santos reparou e apostou neles.


Quis mencionar somente cinco grandes virtudes que identifico no Presidente José Eduardo dos Santos. Muitas mais poderiam ser adicionadas. Outros colegas, camaradas, amigos, e até mesmo adversários políticos, destacariam outras grandes virtudes.


Por mim, poderia adicionar uma grande capacidade de trabalho e um carácter profundamente humanista, onde sobressai o perdão. O perdão manifesta-se no Presidente José Eduardo dos Santos quase como um dom divino. Pessoalmente, não conheço ninguém com tanta capacidade de perdoar.


Tive a enorme bênção de conhecer e trabalhar com o Presidente José Eduardo dos Santos. Foi a minha grande fonte de inspiração, o meu grande educador e mentor, foi quem me fez o que sou, como profissional, gestor e político. Eu sou obra do Presidente José Eduardo dos Santos. Digo-o com muito orgulho. Mas, sobretudo, com profunda gratidão.


Muito Obrigado Por Tudo, Presidente José Eduardo Santos!