Luanda  - A agência de notação financeira considera que os efeitos da queda do petróleo limitam "bastante" a capacidade do futuro governo angolano para apoiar a economia real. A pressão social deve continuar a ser "significativa" dado o efeito da inflação no poder de compra das famílias.

Fonte: Jornal de Negocios

A vitória do MPLA nas eleições gerais angolanas e a garantida eleição de João Lourenço como sucessor de José Eduardo dos Santos são benéficas para o país na medida em proporcionam uma transição "suave" de presidentes. Contudo, a maioria absoluta do MPLA "promove continuação das políticas económicas" pese embora o presidente-eleito João Lourenço tenha de enfrentar um primeiro mandato marcado por "significativos desafios orçamentais e sociais".


São estas as principais conclusões de um relatório em que a agência de notação financeira norte-americana Moody’s analisa os resultados das eleições gerais angolanas que tiveram lugar há uma semana, em 23 de Agosto.



No entender da Moody’s, Angola continua perante uma "situação económica difícil", em especial provocadas pela forte desvalorização dos preços do petróleo verificadas nos últimos dois anos. A agência salienta que a economia angolana permanece "vulnerável à volatilidade do preço do petróleo, o que determina e escassez de dólares e desvalorizações cambiais adicionais".


Como tal, a Moody’s antecipa que "Angola vai continuar a ter de fazer um difícil equilíbrio entre preservar reservas de divisas estrangeiras e em providenciar dólares suficientes à economia". Tudo somado leva a agência americana a concluir que a capacidade do futuro governo angolano para apoiar a economia real será "bastante limitada".



Tendo em conta que deverão persistir elevados níveis de inflação, a Moody’s antecipa que o poder de compra das famílias angolanas continue a ser negativamente penalizado, pelo que é expectável que a pressão social continue a fazer-se sentir de forma "significativa".


A Moody’s sustenta ainda que a erosão verificada de eleição para eleição na votação do MPLA mostra que a população espera que o até aqui ministro da Defesa consiga adoptar novas políticas com vista à melhoria dos níveis de vida. Porém, adverte esta agência, o facto de Eduardo dos Santos permanece como líder do MPLA pode significar que o presidente angolano durante 38 anos continue a interferir nos assuntos de Estado.


Num relatório acessório, a Moody’s identifica a estabilização do sector financeiro angolano como essencial à economia do país e destaca as deficiências da regulação nesta área como um problema que precisa ser resolvido. A mostrar as falhas do regulador financeiro e dos modelos de gestão financeira, a Moody's recorda a queda do BESA, em 2014, ou já em 2017 o processo de recapitalização do BPC.