Luanda - Angola não é uma ilha e por isso há espaço para se lutar por verdade e justiça, disse no programa da VOA “Angola Fala Só” o representante da Open Society em Angola, Elias Isaac, nesta sexta-feira, 1.

Fonte: VOA

Num programa essencialmente virado para as eleições em Angola, a esmagadora maioria dos ouvintes manifestou-se indignada com os resultados anunciados oficialmente pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

 

Elias Isaac disse que o processo eleitoral angolano continua a ser marcado pelos mesmos erros do passado, facto que ele responsabilizou à politização das instituições encarregues de velar pelo processo.

 

Isaac fez notar por exemplo que a CNE é um órgão composto por funcionários nomeados pelos partidos políticos, de acordo com a sua representação eleitoral com exclusão da sociedade civil.

 

“A CNE não é um órgão independente”, disse ,o representante da Open Society para quem “99 por cento das instituições da sociedade angolana estão extremamente partidarizadas”.

 

“São as próprias instituições que não respeitam as leis”, denunciou Elias Isaac que considera ser "este é um dos maiores problemas de Angola”.

 

Sem violência e com respeito

 

É que, para ele, “as instituições parece que não querem corrigir os erros”.

 

Elias Isaac manifestou-se frontalmente contra qualquer apelo à violência e lamentou que haja ainda “quem quer a guerra, que se sente bem com a morte de outras pessoas”.

 

O representante da Open Society afirmou que há que fazer uso das instituições jurídicas do pais, mesmo que existam duvidas quanto à sua credibilidade pois eventualmente haverá mudanças.

 

“O sistema judicial do Quénia também não era independente, o mesmo no Benim e na Zâmbia”, lembrou, fazendo notar que essa realidade mudou.

 

Isaac lembrou que “Angola não é uma ilha” e está representada em organismos internacionais que também estão presentes em Angola

 

“Há espaço para nos engajarmos para que a verdade e a justiça sejam conhecidas”, sublinhou.

 

Lourenço, continuidade

 

Interrogado se considerava o líder da UNITA Isaías Samakuva melhor dirigente do que o actual Presidente, Elias Isaac respondeu que isso não é o importante, "mas sim que quem governe o faça de modo transparente".

 

“Quem ganhar com verdade vai governar com verdade, quem ganhar com justiça vai governar com justiça, quem ganhar com transparência vai governar com transparência”, reiterou.

 

Elias Isaac manifestou dúvidas, no entanto, que caso venha a ser o próprio Presidente da República, João Lourenço aposte em mudanças de impacto no país.

 

“É uma sucessão para a continuidade”, concluiu.