Luanda - Em Angola, o político Makuta Nkondo é a favor de um boicote ao empossamento depois das eleições gerais. Mas o político da CASA-CE não acredita na coragem da oposição para o fazer. Para ele a ganância seria o motivo.

Fonte: DW

O historiador Makuta Nkondo, candidato pela lista da coligação eleitoral CASA nas eleições de 23 de agosto, pelo círculo provincial do Zaire, considera que a oposição deve recusar tomar posse. Para ele seria uma forma de rejeitar os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que os partidos na oposição consideram não ser os verdadeiros e declararam "ilegais e inconstitucionais".


Para o político da CASA-CE a decisão estava tomada: "Se dependesse só de mim, íamos boicotar, não tomar posse, mas toda a oposição. Mas as clivagem ja começaram. São quatro partidos e uma coligação de partidos na oposição, já há aquela fabricação do MPLA, a Aliança Patriótica Nacional (APN) que não participou da conferência de imprensa."


No entanto, Makuta Nkondo, afirma, por outro lado, que olhando para o contexto atual, uma eventual não tomada de posse por parte dos deputados dos partidos que reivindicam a nulidade das eleições poderia provocar uma crise e uma onda de dissidência no seio dos partidos da oposição, já que, de acordo com Makuta Nkondo, a ganância tomou conta de muitos dirigentes.

 

O político diz que "não há unanimidade, nem todos aceitam perder os seus mandatos. Os que não vão aceitar perder os seus mandatos tornar-se-ão dissidentes." E Makuta Nkondo exemplifica: "Se a decisão da CASA-CE fosse de não tomar posse, e os outros? Mesmo em conversa com muitos já estão a dizer deixemos essa confusão de todo o momento a contestar os resultados... vamos entrar só, vamos levar a luta ao Parlamento, mas não é levar a luta para dentro do Parlamento e estar lá para ter bom salário e uma boa casa."

Oposição vergar-se-ia ao MPLA em caso de novas eleições?


Questionado sobre qual seria a saída para o impasse político eleitoral, o membro da CASA-CE, disse que, a repetição das eleições seria a melhor opção. No entanto, garante que tal não iria acontecer, porque a oposição iria vergar-se face à vontade do regime de Luanda.


Para Nkondo, "a saída devia ser repetir as eleições como aconteceu no Quénia, mas aqui em Angola estou a garantir-lhe, que a oposição acabará por ser vencida e que o MPLA vai impôr os resultados que quer. Também o MPLA não vai querer perder a maioria qualificada. Tem que saber que em 1992, só com 70 deputados da UNITA e mais outros (partidos), o MPLA não conseguiu aprovar as suas leias arbitrarias."

 

Sobre a possibilidade de uma plataforma eleitoral conjunta dos partidos na oposição, nas próximas eleições de 2022, para fazer face ao poderio do MPLA, evitando desta forma a dispersão dos votos, Makuta Nkondo questiona: "A oposição vai fazer um bloco, mas quem será o líder? E quem vai aceitar ser dirigido por quem? E como será composta a lista de pré candidatos para deputados?"

 

O historiador argumenta que "tem que saber qual a precedência; número um, dois, três, nessa ordem. Esse é o problema, todo mundo quer ser chefe. Samakuva vai aceitar a liderança de Chivukuvuku e sabe porque é que Chivukuvuku saiu da UNITA? E, Chivukuvuku aceitará [ser liderado por Samakuva]?"