Lubango - Corrida à reforma do Estado implica sacrificar a ‘’tralha presidencial’’ e outros iluminados com manobras que arruínam as finanças públicas.  Ao reafirmar as palavras ‘’mágicas’’ corrigir e melhorar, na declaração de vitória proferida logo após o anúncio dos resultados definitivos, João Manuel Gonçalves Lourenço adensou, se é que era necessário, as atenções da opinião pública na fiscalização do combate à corrupção, o fenómeno que trava aspirações como combate à pobreza, oferta de emprego e crescimento económico.

Fonte: Club-k.net


Falar de corrupção em Angola é, se quisermos, falar da muito propalada acumulação primitiva do capital, em relação à qual, não há como fugir, estão associadas altas figuras do regime angolano.


Se começarmos pela Presidência da República, de onde salta o Eng. José Eduardo dos Santos, o foco de muitos comentários desencontrados ao longo de décadas, o indicador é direccionado ao general Hélder Vieira Dias ‘’Kopelipa’’, que esteve, incompreensivelmente ou não, a conduzir a campanha de JLo, num claro sinal de que continuará no epicentro das decisões. Uma permanência, diga-se, capaz de provocar amargos de boca ao Presidente eleito, dono de um discurso que sugere ruptura com o passado de enriquecimento ilícito e tráfico de influência.


Parece escusado sublinhar que ‘’Kopelipa’’ é um dos vários que devem ‘’pendurar as botas’’, dando lugar a novos rostos, mais capacitados, técnica e fisicamente, para oferecer dinâmica a uma equipa perdida dentro das quatro linhas.


Por arrasto, julgamos, partiriam o general Dino, Carlos Feijó, Aldemiro Vaz da Conceição e tantos outros que conformam a ‘’tralha presidencial’’.


O MPLA, partido que se faz à estrada da prosperidade sem ‘GIP’, pelo que não precisará de olhar para a sociedade, tem quadros que podem assegurar o sangue novo que muito se cogita. A perspectiva, como facilmente se percebe, é nacional.


Aqui chegados, dizemos que governadores da linhagem de Ernesto Liberdade (Moxico), Kundy Pahyama (Cunene) e mesmo Higino Carneiro (Luanda), também ligado à acumulação primitiva, ou não estivesse em causa o ‘’dono das obras’’ na altura das vacas gordas, devem avançar para as merecidas férias grandes.


Baixando para o mosaico empresarial, onde se saiba que as figuras acima mencionadas também aqui fazem das suas, fica claro que João Lourenço parece condenado a expurgar os homens que, como um dia disse JES, prejudicam o Estado com negócios sem transparência.


É preciso, para sermos mais claros, acabar com a hegemonia dos mesmos, os Pintos Contos, os Bentos Kangambas ou os Santos Bikukus, todos eles na lista negra – ainda que ‘’ilegal’’ – do BPC, o banco do crédito mal parado imposto por uma roubalheira algo refinada.