Namibe – A educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos dessas, responsável pela sua manutenção, perpetuação, transformação e evolução da sociedade a partir da instrução ou condução de conhecimentos, disciplinamentos (educar a ação), doutrinação, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade, ou seja, é um processo de socialização que visa uma melhor integração do indivíduo na sociedade ou no seu próprio grupo.

Fonte: Club-k.net

Em Angola como de costume em algumas províncias no início do ano lectivo, vemos o entusiasmo dos alunos em começar mais uma nova jornada rumo ao sucesso académico de modo a preparar o futuro. Mas vemos alguns destes mesmos alunos, tão logo que as aulas arrancam marcarem a sua presença na escola, porque estão interessados em aprender e têm uma meta a atingir ou porque também têm pais muito rigorosos no que toca a questão dos estudos.

 

Mas tem outros que nem estão aí para isto, e dizem sempre estas primeiras semanas não tem grande impacto porque os professores já não vão dar aulas. E as vezes o que os próprios alunos dizem se concretiza na realidade, porque tem mesmo colegas nossos que não dão aulas, adiando o que deviam fazer no início do ano para o fim e a correrias.

 

Continuando com o mesmo assunto, ainda ao longo do ano temos visto os alunos ao virem para a escola alguns bem e outros mal, outros não dizem o porquê que se apresentam assim na escola e principalmente na sala de aula. E quando você as vezes como professor manda chamar o encarregado, para poder averiguar o problema deste mesmo aluno (a) estes por sua vez não têm tempo na sua maioria, e para piorar ainda quando há reuniões na escola.

 

Alguns alunos sem apoio dos pais e de seus familiares fazem de tudo para poder alcançar os seus objectivos e outros porque o tio, primo, pais, cunhando, amante, irmão, avôs (a) é general, comandante, director, professor, coordenador de curso, de disciplina ou têm um cargo chave na sociedade não se esforçam, fogam nas aulas e vão a escola quando bem lhes apetece e até há alguns que dizem de boca cheia “eu aqui sabendo como não eu vou aprovar, porque o meu parente é chefe e tem muita influênciaˮ. E para este aluno (a) falar isso é porque aprendeu isto com alguém e foi educado assim no seu seio familiar.

 

E para piorar tudo vem a superfície no 3o Trimestre que eu sempre chamo de “o trimestre da verdadeˮ porque neste trimestre tudo quase que foi feito no I e II trimestre vai por água abaixo, e é aí que você como professor passa a saber quem é quem, bem dizer quem é filho, amante, namorada e familiar de quem. E não só aproxima-se as provas globais, prova de escola, exames e os ditos recursos (liguilia) e ninguém quer que o seu rebento, amante, namorada ou familiar reprove custe o que custar, e até há alunos (as) se possível têm de pagar ou entregar o corpo para poderem aprovar o fazem, porque já não têm mais outra saída. E ainda para piorar vem os directores, professores colegas que no princípio do ano nunca se manifestaram, mas neste trimestre aparecem como familiares e quando você não ajuda aí se tornas o pior inimigo deles ou o mau da fita.

 

E alguns colegas e directores pedagógicos em algumas escolas inclusivamente após o conselho de notas mexem na tua pauta sem o teu consentimento, e quando a pauta final sai aí é que muitos encarregados mostram-se ser encarregados de verdade, vão a procura dos professores em casa e começam a ligar para estes e a reclamar no próprio sector pedagógico de que não concorda com as notas do seu filho (a) que está na pauta. Neste caso como vais concordar se você como pai ou mãe nunca acompanhaste o teu filho no que toca aos seus estudos? Se o teu filho na escola é quem resolvia todo o seu problema escolar! E para piorar até alguns veem fardados na escola e com tom de arrogância pensando que estão nos seus locais de serviço como unidades, comando, quartéis bem como em outras instituições públicas. E agora eu pergunto novamente, aonde é que estavam estes colegas e pais ao longo do ano lectivo para somente aparecem agora? Será que eles são os únicos que trabalham e que têm grandes preocupações e nós não? Será que quando os nossos familiares não entram ou chumbam nos testes no Ministério do Interior, Defesa bem como noutros ministérios nós vamos lá reclamar? Cada um sabe a resposta.

 

Aqui abro um parágrafo, nenhum professor quando é formado seja onde for, lhe é dito que deve reprovar um aluno (a), mas se um aluno é indisciplinando, não assiste aulas, não estuda, então espera o quê? Há um provérbio popular que diz: ˮTodos gostam da sombra, mas poucos plantam árvore. E não só, é do conhecimento da camada docente que muitas alunas não reprovam porque não sabem, mas sim porque nunca aceitaram namorar e se envolver sexualmente com certos professores e directores, o que tem que mudar com urgência no sistema educacional angolano.

 

Eu sou professor e muitos também são, e todos nós sabemos de concreto o que acontece nos conselhos de notas, onde já vi colegas a discutirem e a se pegarem nos colarinhos por causa de um aluno ou aluna, mas garanto que o que muitos de nós fizemos pelos nossos alunos, poucos deles um dia farão pelos nossos filhos, netos e bisnetos no futuro. Porque não existe regulamento no MED (Ministério da Educação) que diz que o professor é obrigado a votar 2 ou 3 valores, e nem o Manual de Sistemas de Avaliação das Aprendizagens do II Ciclo da Reforma Educativa do INIDE (MED) diz isso, se tem este regulamento eu nunca vi.

 

E ainda uns vêem com o descaramento de dizer o meu filho (a), reprovou mesmo com media 7, 8 e 9 e nem só lhe votaram? Temos que saber que na Matemática 7, 8 e 9 é mesmo 7, 8, 9 e não 10 valores, porque a Matemática é uma ciência exacta. Porque se fosse o caso, quando íamos para o banco depositar por exemplo 10.000.00 kz e faltar 1 kz o TOB (Técnico de Operações Bancarias) não vai te dar este 1 kz que falta para acrescentares nos teus 9.999.00 kz. Mas eu no meu caso prático já votei em alunos 7 valores e mais do que 7 valores para poderem aprovar sem receber nada em troca, que nem sequer são meus familiares.

 

Estes rapazes aqui em Angola muitos deles não estudam e nem se esforçam, mas quando vão para o estrangeiro estudar o fazem com afinco e outros não, porque pensam que os seus pais são deuses de Angola ou do Planeta Terra e vão continuar chefes eternamente. Para terminar, que mude-se em Angola a maneira de se corrigir e aplicar as provas globais, prova de escola, exames e os ditos recursos bem como a afixação das pautas finais. Claro que estudar nunca foi fácil, mas aqui na questão da votação e ajudar o aluno vota-se por uma questão de humanismo, comportamento, assistências as aulas e o progresso que aluno teve ao longo do ano na referida disciplina bem como em todas outras afectas ao seu curso ou classe.

*Londaka Sangangula é licenciado em Linguistica Inglês, escritor, investigador, chefe escuteiro, autodidacta em Política, inteligência e contra inteligência, assuntos militares e americanos desde 2009.