Luanda - Hoje ao ler a DECLARAÇÃO FINAL emitida pelo TRIBUNAL CONSTITUCIONAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA, veio-me em mente, não sei porque, a frase “TUDO ESTÁ CONSUMADO”. Está consumado o processo eleitoral, está consumado e legitimado o “resultado” que dele saiu, mesmo antes do órgão oficial se ter pronunciado. Esta consumada a crise de patriotismo de que enfermam as nossas instituições, aquelas que tinham a responsabilidade de assegurar em nome do Povo, e não de qualquer senhor, seja ele quem for e venha ele de onde vier, a justiça eleitoral que ao final traria um recado de que a justiça social urge e o País não mais pode esperar. Está consumada a certificação de que os ANGOLANOS depois de assistirem ao rombo e saques do erário público, de presenciarem condições deploráveis em que andam os nossos hospitais, as nossas escolas, o nosso saneamento básico, as nossas unidades policiais, os estabelecimentos prisionais.

Fonte: vivênciapress

Depois de serem tratados e espezinhados em todos os sentidos, depois de assistirem “ALEGREMENTE” a esmagadora maioria dos contratos públicos serem directamente entregues a uns quantos privilegiados, depois de se conformarem com salários indigentes e eles próprios transformados em “indigentes soberanos”, chamados a dizer de sua justiça na urna “decidiram DAR MAIORIA QUALIFCADA” ao Partido da situação. A intervenção Com o selo do Tribunal Constitucional ficou desde já cravado na memória de alguns a confirmação do “descrédito” das instituições envolvidas neste processo, da crise de legitimidade de quem se venha arrogar por tal “estrondoso resultado” quando todos sabem que “ninguém” no uso das faculdades eleitorais, daria ao Partido-Governo responsável pelo estado actual da precária situação do país uma qualificada maioria.


A indignação desde 23.08 extravasou os simples limites da disputa partidária e entrou na esfera da cidadania e é neste espaço de participação cívica que instituições no geral e pessoas em particular perderam a réstia de consideração que se nutria por elas.


Neste entretanto este “CONSUMADO resultado” das eleições vem mostrar que na hora da verdade o povo voltou a “confiar em confortadíssima maioria” - numa clara demonstração de “masoquismo patriótico”- às mesmíssimas pessoas que foram e são “responsáveis” por uma crónica gestão da coisa pública, por não libertar a justiça das amarras da política, por limitar a acção dos juízes, transferindo-as para a Procuradoria da República, pela “podridão” da comunicação social (transformada numa arma conta o povo e não a favor do direito de informar com verdade e isenção), pela “crónica doença” da Saúde, por descartáveis estradas, pelo desmoronamento da moral social, degradação da Educação, pelo apadrinhamento da cultura de corrupção nas instituições, nos negócios e nas pessoas…enfim, responsáveis por distinguir angolanos privilegiados e de elite, que são os mesmos (acrescidos daqueles que a custa do lambebotismo e de humilhação lá se encontram) e “reles angolanos”…estes resultados fazem “acreditar” que alguém consegue com 18.000 Kwanzas dar uma vida digna à sua família, acreditar que entre nós há aqueles que, “faça chuva, faça sol ou chova canivetes”, estão MARCADOS PARA MANDAR, porque eles e o povo são uma e mesma coisa. Todos outros (partidos e o resto) são uns “párias, “malamados”, quais salteadores, falsários e usurpadores de legitimidade e de mau hálito e mau perder” que têm mais é de se contentar com as migalhas que caiem da mesa, onde o sumptuoso banquete dos “eleitos” é servido “eternamente”.


Neste entretanto o “SINÉDRIO” vaticinou, “PILATOS”, lavou as mãos e o “POVO rejubila eufórico…caia sobre nós e sobre os nossos filhos os GANHOS” da retumbante e qualificada maioria”.


Enquanto isto, o outro “povo o que ANSEIA CONSENSO, EQUILIBRIO E ROBUSTEZ DEMOCRATICA, que vê, sente, sofre com todas estas consequências, longe das disputas partidárias, vê “gorada” as suas EXPECTATIVAS. Nesta ocasião, junto a minha voz à do Rei SALOMÃO: «A sabedoria clama nas ruas, eleva a sua voz nas praças, grita sobre os muros, faz ouvir sua voz à entrada das portas da cidade: Até quando, ó simples, amareis a ingenuidade? Até quando os néscios se deleitarão em zombar e os insensatos odiarão o saber? Convertei-vos às minhas admoestações; espalharei sobre vós o meu espirito, ensinar-vos-ei as minhas palavras. Mas já que vos chamei e não respondestes (…) e não destes ouvidos às minhas repreensões, também eu me rirei da vossa ruína, e zombarei, quando sobrevier o que temíeis (…) e quando vierem sobre vós a tribulação e a angústia».

PROVÉRBIOS: 1, 20-33. Termino dizendo: “Quando não se sabe o que se procura, não se compreende o que se encontra”.