Luanda - A Associação Nacional de Apoio dos Deficientes Visuais de Angola (ANADV) recebe diariamente quase uma dezena de pedidos de ajuda em Luanda, apesar das dificuldades financeiras que a própria instituição também enfrenta, disse à Lusa o presidente.

Fonte: Lusa

Segundo Manuel Domingos Tiago, a crise económica e financeira que Angola vive desde finais de 2014 tem afetado as atividades de apoio da associação, que também passou a receber com irregularidade os subsídios do Estado.

"As dificuldades dos deficientes visuais no país, agora mais com a crise, são imensas e não conseguimos fazer as coisas como gostaríamos de fazer, lutando neste momento apenas para manter a associação funcional e como se não bastasse não há espírito de solidariedade", lamentou o responsável.

Neste momento, a ANADV "está a sobreviver" com o subsídio de cerca de um milhão de kwanzas (5.000 euros) que tem recebido da parte do Estado angolano, por ser uma instituição de utilidade pública há já cinco anos.


"É um modesto subsídio e que não vem com regularidade, como foi o caso de 2016, quando apenas começamos a receber no fim do ano. Por exemplo, estamos em meados de setembro e ainda não recebemos o subsídio de mês de agosto", lamentou.

A ANADV é uma organização de âmbito nacional, constituída a 17 de setembro de 1989, contando atualmente com 3.888 membros e 5.472 beneficiários.

De acordo com Manuel Domingos Tiago, a associação "tem procurado ajudar os respetivos membros, mas com muitas limitações", devido à "carência de meios e condições para a assistência regular".

A associação precisa ainda de 16.000 dólares (13.000 euros) para transportar produtos alimentares dos Estados Unidos da América para Angola, apelando por isso À sensibilidade das entidades públicas e privadas.

"Mas não temos kwanzas para pagar a conversão em dólares e não sei como vamos conseguir isso, daí vamos tentar apelar à sensibilidade de algumas empresas e não sei como será porque toda gente está a queixar-se da crise", disse.

Apesar das dificuldades apresentadas, a associação, segundo o seu presidente, tem em curso vários projetos sociais, como a aquisição e entrega de ajudas técnicas para promover a mobilidade e orientação de pessoas com deficiência visual ou apoio específico nos principais centros escolares vocacionados para o ensino especial da criança com deficiência.

"Promoção de projetos na área de alfabetização, educação sexual e reprodutiva, produção agrícola e transformação de produtos do campo e no quadro do fomento da produção agrícola, estão em desenvolvimento atividades agrícolas nas províncias de Luanda e Bié", acrescentou.

No quadro das ações agrícolas, Manuel Domingos Tiago acrescentou que a associação precisa de material agrícola, como tratores, fertilizantes e demais instrumentos para o cultivo de subsistência dos deficientes visuais.

"Temos parcelas de terras, mas para lavrar as terras pagamos valores imensos, daí que precisamos de tratores, fertilizantes para atenuar as dificuldades alimentares dos deficientes com a produção e, com o excedente, obterem rendimentos. Por isso apelamos às pessoas de boa-fé a ajudarem-nos nesse sentido", concluiu.