Luanda - Tento a todo o custo evitar uma visão fatalista, se bem que os condimentos sociais levam-nos a perceber tal sabor, mas o facto de que o interesse nacional não é apenas uma questão do governo mas de todos nós, me faz ver fios de esperança ainda que muito magros, mas são válidos e não os largo.

Fonte: Club-k.net

Também hoje se pode ser achincalhado por bajús e revús de igual forma quase sempre quando ousamos aparecer para emitir frutos do nosso pensar, mesmo que estes sejam desnutridos e desprovidos de insultos contra este ou aquele, temos que investir sempre numa forma de esquivar estes dois grupos antagónicos, que são tão iguais quanto diferentes, e algo necessários também.

 

Escolhi não participar das eleições, não votar nem falar delas para bem ou para mal, por decisão ponderada e muito própria.

 

Ainda assim elevo o meu respeito a todos que delas participaram, porque creio que cada um sabia o que estava a fazer, e fê-lo de forma consciente, acredito. E este respeito, ainda que possa ser contestado, estendo para o que resultou das eleições desprezando completamente a necessidade de discutir a minha aceitação ou não dos mesmos (…os resultados), pois sou apenas cidadão e por enquanto prefiro não passar disso, usufruindo do meu direito so silêncio.

 

E é também a conversa dos direitos que quero evitar, por enquanto, talvez volto a ela quando começarmos a associar os direitos com a sua coluna vertebral, os deveres.

 

Falando nestes (…os deveres), percebo que o novo presidente terá certamente o dever de refazer a economia da nação, pois é a economia que acaba sustentando todo o resto que compõe isto a que chamamos de nação. E excelência propôs a tempos se tornar num reformador do calibre de Deng Xiaoping, o homem que tornou o socialismo no melhor gestor do capitalismo até ao momento e fez da China o monstro económico que é, tendo a tirado de um PIB de 150 bilhões de dólares em 1978 quando as mudanças economicas naquele país começaram a tomar corpo, para quase 20 trilhões de dólares actuais (dados de 2015) e perspectivas anuais de crescimento na ordem dos 6,5%. Deng Xiaoping no entanto, morreu de complicações resultantes do mal de Parkinson em 1997 com fartos 92 anos de idade e a sua visão económica e de nação tem sido seguido com sucesso, creio.

 

Este Deng Xiaoping tem muito que se diga acerca do seu viver político, as repreensões, a praça Tianamem e outras coisas, que a seu tempo podemos voltar a discutir, mas aqui quero olhar apenas às realizações económicas.

 

Quando sua excelência disse que seria um transformador desta sorte, achei nestas palavras um bocado de esperança, se bem que me preocupou o facto de que logo depois de ter falado esboçou um sorriso que me pareceu demonstrar insegurança naquilo que estava a dizer, mesmo assim me esperancei. Voltei a ficar triste quando dias depois vi num programa da RTP uma proeminente figura do partido a que o novo presidente pertence (o partido que governa a 42 anos) praticamente a diminuir a afirmação do presidente e a dizer que o mesmo se deverá apenas pautar pelo que está plasmado no programa eleitoral do partido.

 

Bom, também não vou discutir nem contrariar o programa a que esta figura se referiu, muito menos afirmar que o presidente não deve se pautar nele, porque aí seria entrar em terreno um pouco alheio, mas por quê não Deng Xiaoping? Se ainda não fomos capazes de criar as nossas próprias teorias ou os nossos próprios modelos, porquê não podemos olhar para um do qual a nação pode beneficiar? Se a nossa academia parece desviar um pouco da economia para se concentrar mais no estudo do direito produzindo centenas de juristas anualmente, e ao mesmo tempo temos 25 milhões de angolanos que não podem esperar mais, por quê não olharmos para quem já fez e deu certo?

 

Uma das coisas que nos preocupa, como angolanos é certamente a incerteza económica. E se bem que percebemos que não nos será dito tudo que existe em termos de estratégias, temos necessidade de perceber nas acções alguma direcção, algum rumo. Porque senti-los nos tornará prontos e capazes de participar, pois as concretizações económicas enquadram-se no interesse nacional que ao fim e ao cabo não têm cor, não é militante nem tem região, é apenas Angola.

 

Se não haver algo melhor, deixem o presidente imitar, não é mal nenhum seguir os passos de Deng Xiaoping, pelo menos na economia, é claro.