Benguela - É verídico o dia 23 de agosto de 2017, é memorável, uma data revolucionária na minha vida. Porquanto tornei-me representante do povo, fiz uma ruptura radical com a triste miséria.

Fonte: Club-k.net

Não obstante, termos dito de viva voz que as eleições foram fraudulentas e o regime não se coibiu de perpetuar-se no poder através de muletas institucionais. Pois, fizemos mil e duas conferências de imprensas e um par de entrevistas denunciando às manobras do partido-Estado.


Ensaiamos os órgãos da administração eleitoral e jurisdicional, um simulacro inédito na nossa política com provas irredutíveis. Todavia, resultaram no vácuo.


Aliás, tínhamos que fazer alguma coisa para dar entender quer aos presentes quer aos nossos vindouros que sempre lutamos para todos e com toda força.


Os partidos, a coligação e os militantes estavam divididos, por um lado os defensores que ninguém devia tomar posse, pois assim, legitimaríamos as malabarices do maioritário, devíamos fazer ficar pé e deixar os donos do país solitários no Parlamento.


Por outro lado, os defensores da tomada de posse (incluindo eu) que devíamos sim, estar na Assembleia Nacional para fazermos política activa , democrática, lutar contra a corrupção e a boa governação.


Porém, é argumento “ para boi dormir”. O que farão 51 deputados com “regime ditatorial”? Será que fora não se exerce política? Não seria o momento de andar a todo terreno, novas estratégias e novos métodos de trabalho.


É doloroso afirmar, mas quem fala a verdade não merece castigo, diz o povo .Eu não queria perder a sublime oportunidade de entrar no Parlamento, mudar de vida e fazer uma despedida em grande ao sofrimento.


Sabemos que os intelectuais de ocasião opuseram-se, fundamentando que estamos a pactuar com ilegalidades, ajudando o regime a torturar o povo e que somos incoerentes. Sim, são verdades. E depois?


Quem pagaria os encargos partidários? E eu também não quero continuar a sofrer, chegou a hora de olhar o tormento com desdém.


Só para dar-vos exemplos, eu e a vossa cunhada, já tivemos relações privilegiadas com a pobreza. Passamos momentos horrorosos ao ponto de não conseguirmos  comprar um paracetamol enquanto o vosso primo, o Bebucho rebolava de febres altíssimas.

Corremos ao hospital, suplicamos o atendimento e quando fomos ouvidos, deram-nos a maldita receita.

Choramos na presença da equipa médica e de outros pacientes porquanto em casa só tínhamos os diplomas do mestrado e do doutoramento, dinheiro que é bom nem um kwanza, nem um dólar e nem um euro.

Lá em casa é uma Somália dos anos 90, recebendo ou não o inimigo salário, a fome continua e é certa!

Por isso, com a tomada de posse jamais passaremos por àquela humilhação pública. Não me sinto envergonhado de ter ajudado o partido e a coligação a tomar posse. Portanto este país ensina a ser astuto!

Só na nossa família directa recebemos três Lexus (o meu, da mamã e do papá) e sem contar com dos primos e tios, e outros que receberão do governo por serem nomeados.

Desde àquele dia, não paro de dar audiências em casa, nas reuniões e nos problemas familiares só de antemão informado e ouvido. Por conseguinte, olhei e observei bem, afinal o pobre é que sofre!

“O poeta que não é poeta”