Luanda - A Sonangol não respondeu aos contactos tentados ontem pelo Jornal de Angola para esclarecer uma aparente escassez de gasolina nos postos de combustíveis de Luanda, o que leva ao aumento do tempo de espera e a formação de filas mais longas que o habitual para o abastecimento.

Fonte: JA

A reportagem do Jornal de Angola constatou na manhã de ontem que os postos de abastecimento da Sonangol e da Pumangol, as principais distribuidoras, permaneciam cheios de automobilistas, quando não tinham erguido anúncios e alertar para a falta do carburante. “Não há gasolina”, anunciam reclames escritos de forma improvisada em papelão, numa indicação do inusitado do problema e da forma como surpreendeu os gestores desses estabelecimentos.


Relatos obtidos pela nossa reportagem apontam para falhas no fornecimento iniciadas há cerca de uma semana e de consumidores obrigados a madrugar para evitar longas filas que se formam nos postos sem gasolina situados no eixo que sai da avenida Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, passando pelo Sanatório, a antiga Feira Popular, na avenida Deolinda Rodrigues, e vai até à Maianga, na Baixa de Luanda.


O automobilista Júlio Norberto desistiu de uma fila no posto de venda da Chicala, onde disse ter-se formado uma fila que quase chegou à ponte da Ilha de Luanda, fez o percurso até ao bairro São Paulo e foi encontrado diante da Universidade Lusíadas de Angola, na Ingombota.


Mariana Abreu também automobilista reclamou por estar a circular - com o piloto do depósito aceso - à procura de gasolina que encontrou numa bomba do Camama, onde a fila já tinha feito uma curva, depois de ter passado por postos no Nova Vida, Golfe II e na Pedro de Castro Van-Dúnem.

Crise recidiva


Em Março deste ano, já houve registo de falta de combustível em algumas províncias de Angola, com a Sonangol a explicar parcialmente a escassez pela demora no pagamento a fornecedores internacionais, o que tinha originado “um ligeiro atraso” na descarga de combustíveis importados nos portos nacionais e causou um défice de abastecimento em algumas províncias do país.


A Sonangol disse naquela altura que o atraso no pagamento foi originado por uma “deficiente comunicação de pagamentos” associada à conjuntura económica e financeira do país, influenciada pela baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional.


A petrolífera estatal reconheceu, naquela ocasião, deficiências no fornecimento no Lubango, capital da província da Huíla, bem como na região de Malanje. Em Luanda, capital do país, e outras regiões do litoral, a escassez de combustíveis não se verificou.


No ano passado, o consumo de gasolina - o segundo combustível mais importante em Angola -caiu para 819.445 de toneladas, menos 15 por cento que em 2015, enquanto o gás butano caiu 6,00 por cento, para 233.270 toneladas.De acordo com dados da Sonangol sobre a comercialização de combustíveis refinados, o gasóleo foi o mais vendido em 2016, com 2.614.049 toneladas, uma quebra de 14 por cento face ao ano anterior, explicada pela companhia, pela crise que o país atravessa e pela elevação dos preços.


Angola importa 177milhões de dólares em combustíveis refinados por mês. Dados da companhia apontam para a importação de 2.352.671 toneladas de gasóleo durante o ano passado, uma quebra homóloga de 23 por cento, enquanto as compras de gasolina no exterior do país chegaram a 1.030.070 toneladas, uma redução de 17 por cento.


A companhia reconhece uma limitada produção nacional de combustíveis refinados, que ronda apenas 20 por cento do consumo total.