Luanda - O sociólogo, jornalista e analista político, João Paulo Ganga, defendeu neste domingo (22) no programa televisivo Revista Zimbo da TV Zimbo a saída de Isabel dos Santos do cargo de PCA da Sonangol.

Fonte: OGuardiao

“Está muito fragilizada para além de ter uma relação muito difícil com a população, passa uma ideia que há uma disfunção organizacional no topo da Sonangol”.

 

“Perdeu confiança política do titular do poder executivo, basta pensarmos que na reunião que o titular esteve com as petrolíferas, ela não esteve presente, basta pensarmos que a alteração legislativa, que seja a Sonangol ou seja o PCA da Sonangol a escolher os seus administradores e depois a nomeação de estrangeiros no conselho da administração da Sonangol, também foi um retrocesso muito grande, no ponto de vista daquilo que é a concepção da angolanização do petróleo e sobretudo, acesso a informação privilegiada que pode colocar o interesse nacional em risco”, disse.

 

João Paulo Ganga fazia uma abordagem sobre a actual escassez de combustível na cidade capital, que já dura aproximadamente três dias, e da perda de confiança junto do titular do poder executivo, de Isabel dos Santos, depois de ter ignorado uma convocatória do PR para uma reunião, dia 6 do corrente mês, com várias empresas que operam no sector petrolífero nacional.

 

Continuou dizendo que foi uma das pessoas que defendeu a nomeação da engenheira Isabel dos Santos para o cargo de PCA da Sonangol porque acreditava na altura que era a melhor opção tendo em conta “os interesses nacionais”.

 

Facto é que Isabel dos Santos deixou de ser a principal interlocutora para o sector petrolífero. “Quando o titular do poder executivo te tira a confiança criando uma comissão que vai ter um mês para apresentar um trabalho sobre aquilo que é o petróleo e o gás a nível nacional e já não ouve o presidente da Sonangol como a sua interlocutora mais importante, penso que está na hora de mudar de opção’ sublinhou o analista político.

 

“Um ano e tal depois, dos ganhos que a Sonangol teve, do diagnóstico do trabalho todo que ela fez, é hora dela sair”, defendeu.

 

Na óptica de João Paulo Ganga há três opções. A primeira é a “autodemissão” de Isabel dos Santos, “que ela saísse por iniciativa própria”.

 

A segunda opção, exoneração por parte do titular do poder executivo, mas João Paulo Ganga afirma ser um “bocadinho arriscado”, porque a sua exoneração passa uma imagem negativa, visto que Isabel dos Santos é a empresária mais bem-sucedida do país, e na visão de João Paulo Ganga isso “carrega consigo uma auria de algum prestígio, responsabilidade, ganhos e capacidade” que deve ser preservado.

 

A terceira opção, a criação de uma pasta ministerial do empreendedorismo e inovação, “onde ela pudesse atrair investimento e mostrar toda a sua capacidade”.

 

“A presença da engenheira na Sonangol com estes resultados torna-se num foco de instabilidade que não está interessar, quer a população por um lado, quer o executivo por outro”, afirmou.

 

Quer seja por “exoneração, que eu não defendo, quer pela sua autodemissão ou a criação de uma outra arquitectura governativa, penso que a engenheira Isabel dos Santos devia deixar a Sanangol”, concluiu.