Luanda - A Fundação Eduardo dos Santos (FESA) negou neste sábado a veracidade das notícias veiculadas pela imprensa espanhola, sobre pagamentos de milhões de euros feitos à fundação do ex-Presidente angolano por parte de uma empresa pública de Espanha, que se encontra em investigação.

Fonte: Lusa


Em comunicado a que a Lusa teve acesso, a FESA classifica as notícias em causa como "falsas e difamatórias", considerando que visam "denegrir o bom nome e imagem" daquela fundação "e do seu patrono".

"Vimos desmentir categoricamente a veracidade de tais notícias e reafirmar que a FESA não tem, nem nunca teve, qualquer relação com a empresa mencionada, nem nunca teve qualquer ligação com o referido projecto, desafiando a quem de direito para a apresentação de provas em relação a este artigo", lê-se no comunicado.

Em causa está um alegado benefício resultante de comissões cobradas à empresa espanhola Mercasa, contratada pelo Governo angolano para a construção do Centro Logístico de Distribuição Alimentar de Luanda, conforme foi noticiado pelo jornal El Mundo.


"A FESA sempre pautou a sua conduta pelos mais elevados padrões de ética e transparência nas suas acções", sustenta o comunicado.

De acordo com a edição de 12 de Novembro daquele jornal espanhol, terão sido descobertos pagamentos de milhões de euros de uma empresa pública espanhola a uma fundação de José Eduardo dos Santos, que deixou o poder ao fim de 38 anos, na sequência das eleições gerais de 23 de Agosto.

Segundo a notícia, a procuradoria espanhola investiga, no âmbito do mesmo caso, uma comissão paga pela empresa Mercasa à fundação com o nome de José Eduardo dos Santos. O montante pago pode ter ascendido aos dez milhões de euros, num negócio de construção de um mercado de abastecimento na capital angolana.

O desvio de fundos terá sido feito através de um intermediário que está em Angola, Guilherme Taveira Pinto, cuja casa, situada em Linda-a-Velha, no concelho de Oeiras, foi alvo de buscas em 2014, devido a outro caso judicial relacionado com a venda de armas de uma empresa espanhola a Angola. Taveira Pinto terá sido intermediário nessa venda de armas e no contexto da qual desapareceram 100 milhões de euros.

Taveira Pinto, que está em Angola e em fuga a um mandado internacional de detenção, terá remetido o dinheiro que recebeu à fundação, descobriram os investigadores, que analisaram também contas de correio electrónico.