Luanda  - Mais de 150 trabalhadores de uma empresa privada angolana de segurança queixam-se hoje, publicamente, de não receberem salários há um ano, lamentando as dificuldades diárias em que tentam sobreviver.

Fonte: Lusa

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz dos trabalhadores, administrativos e seguranças, da empresa "Ango Atenta", Gildo Mateca, fez saber que a empresa se encontra com graves problemas financeiros, por alegados atrasos nos recebimentos.

"Nessa condição somos cerca de 150 trabalhadores e a direção diz apenas que a petrolífera Sonangol, que é o principal cliente da empresa, não tem feito os respetivos pagamentos, está com atrasos e assim estamos sem uma explicação real", apontou o porta-voz.

Há 16 anos na empresa, Gildo Mateca lamenta as dificuldades diárias porque passam os trabalhadores que tentam sustentar a família, ao fim de um ano sem salários.


"Os meus filhos não estão a fazer as provas, vivo na casa de renda e o senhorio quer me mandar para rua, porque não consigo liquidar as dívidas que tenho. No fundo, este sofrimento é generalizado a todos os meus colegas e sem garantias de solução da direção", acrescentou.

Entretanto, a situação da "Ango Atenta" foi já confirmada pelo diretor geral da empresa, Eduardo Manuel, justificando incumprimentos dos principais clientes da instituição, sobretudo instituições públicas.

"Sim, de facto a informação é verdadeira. Há um ano que de facto os trabalhadores não recebem o salário, isto deve-se essencialmente ao incumprimento da parte dos nossos clientes, mas estamos envidar esforços no sentido de ultrapassar a situação", referiu o responsável.

Sem previsões para regularizar a situação, Eduardo Manuel, garante ter já "contactos avançados com os principais clientes", sobretudo do Estado, aos quais a "Ango Atenta" presta serviços de segurança e vigilância.

"Não tenho previsões, mas esperamos regularizar a situação dentro de uma semana e meia, porque temos contactos avançados com os clientes, porque até os clientes mais cumpridores também estão nesta situação num período superior sem liquidar as dívidas", explicou.

O funcionamento das empresas privadas de segurança em Angola conta desde final de setembro com um novo regulamento, que segundo a Polícia Nacional angolana deverá levar ao encerramento de muitas dessas empresas "devido aos rígidos requisitos" que passaram a ser impostos.