Lisboa  - Ligado à Sonangol pelo menos desde 2002, a escolha de Carlos Saturnino para secretário de Estado dos Petróleos em Outubro foi vista como forma de "contrabalançar" Isabel dos Santos na liderança da petrolífera: substitui-a agora, menos de um ano depois de ela o ter afastado da empresa.

Fonte: Negocios

Com a saída de Isabel dos Santos, exonerada esta quarta-feira, 15 de Novembro, do cargo de presidente da Sonangol pelo presidente João Lourenço, Carlos Saturnino passa a ficar aos comandos da petrolífera pública angolana.

 

A ex e o novo presidente ainda cruzaram caminhos, antes de Isabel dos Santos ter destituído Saturnino de líder da unidade de Pesquisa & Produção da Sonangol, a 20 de Dezembro do ano passado, por alegados "desvios financeiros".

 

"A Sonangol P&P é a empresa do grupo Sonangol que durante a avaliação efectuada apresentou as maiores debilidades de gestão e consequentemente de desvios financeiros", referia na altura o comunicado que justificava o afastamento.

 

Depois de conhecer a decisão de ser afastado por Isabel dos Santos, em comunicado, considerou não ser "correcto, nem ético, atribuir culpas à equipa que somente esteve a dirigir a empresa no período entre a 2ª quinzena de Abril/2015 à 20-12-16."

 

Carlos Saturnino Guerra Sousa e Oliveira ocupou por poucos dias – pouco mais de um mês, desde 12 de Outubro – o cargo de secretário de Estado dos Petróleos, já no Governo de João Lourenço. Com esta posição no Governo, Isabel dos Santos passaria a reportar a Saturnino, menos de um ano depois de o ter afastado. Na altura, a Africa Intelligence apontava que a sua nomeação deveria "contrabalançar a influente Isabel dos Santos na gestão deste sector-chave".

 

O novo líder da petrolífera - presidente do conselho de administração - está ligado à companhia pelo menos desde 2002. Esteve no conselho fiscal da empresa em 2009, aquando da administração de Manuel Vicente – mais tarde vice-presidente de Angola e actualmente sob investigação judicial em Portugal.

 

O jornal moçambicano Verdade colocava Saturnino como braço direito de Vicente na empresa e a quem estava entregue o dossier de negociação e licitação de blocos petrolíferos na zona marítima do pré-sal angolano em 2011. Já tinha também liderado a comissão que decidiu a licitação de blocos petrolíferos no mar de Angola em 2006.

 

Segundo o Jornal de Angola, o novo presidente da Sonangol é economista de profissão e trabalhou em áreas como o planeamento estratégico e análise de projectos nas empresas Sonils (foi director de operações desta empresa de serviços logísticos integrados da Sonangol) e Sonamet, bem como a Socotherm Angola, ligadas à Sonangol.

 

Com 60 anos - nasceu em Agosto de 1957 –, em 2006 (segundo a newsletter Africa Monitor) foi responsável pelo projecto da refinaria do Lobito através da Sonaref, projecto entregue, por ajuste directo, à Sinopec. Segundo o Check Business, de 15 de Abril de 2011 até Abril do ano passado ocupou um lugar na administração da GBI Consulting, uma consultora sediada no Reino Unido e especializada em Angola, Nigéria e Moçambique.