O consenso para muitos é de que o país está, simplesmente, ao mesmo compasso dos eventos mundiais no que diz respeito aos crescimentos de várias economias. Primeiro: se for verdade ou não, nada impede o nosso direito de nação, assim como daqueles que estão na condução da mesma, de tirar proveito desses ventos. E devemos considerar como êxito as atitudes tomadas. Sugerir a idéia de que qualquer país pode crescer tão facilmente, já que as condições internacionais são propícias para isso, não é tão verdade assim. Nossa visão sobre essa alegação é corroborada pelo fato de a maior economia mundial estar em crise, um fator importante que pode atrapalhar aquilo que muitos vêem como a causa fundamental de nossa “sorte”. E nenhuma economia no mundo, que eu saiba, cresce só baseado em bons fatos oferecido pela ordem internacional econômica, é preciso mais do que isso.

Nossa economia cresce, primeiro porque estamos atravessando um período de paz, sabiamente conquistado pelo povo, pela nação e bem conduzido pelo partido no poder. Coisa que sempre se disse, reclamou-se tantas vezes por isso; de que a guerra era um instrumento que infernizava o bem estar e a felicidade de toda a sociedade angolana.

A política de reconciliação nacional fulminada em todas direções pelos governantes do país é uma outra e grande causa desse progresso de reconstrução nacional. Onde agora o teorema em tempos de paz é trabalhar para vencer. E não é para menos. O país levantou-se, eliminando aquilo que obstaculizava o seu direito de caminhar; a marcha, pelo que vemos, é irreversível; o país cresce em frente e para cima.

Por outro lado, em vez de essa visão que nos caracteriza como preguiçosos ou aproveitadores de carona (boleia), por que não lidar com uma outra perspectiva, ou seja, enaltecer o nosso papel nesse mundo. Com a paz, sem dúvidas, Angola tem contribuído igualmente com a felicidade de outras nações e povos, e exemplos não faltam. Angola é, por exemplo, ironicamente, o país que mais tem contribuído com o crescimento do PIB português nos últimos anos. O superávit da balança comercial brasileira, assim como as chances de muitos brasileiros driblarem a eterna recessão que o Brasil sofreu durante os últimos vinte anos, não podem sorrir sem mostrar seus lindos dentes a um país chamado Angola, apesar de o comercio entre os dois países ainda ser pouco. E cruelmente a concepção brasileira de chegar ao primeiro mundo como potência econômica passa longe da colaboração com países subdesenvolvidos como Angola.

Sem negar, claro, os problemas que existem. Diante de tantos, entre eles o da corrupção. É, agora, o que tem se tornado um verdadeiro problema social a ser combatido. Assim, o MPLA, o partido no poder, mas uma vez, saiu-se à frente, dando o seu toque de bola. Na voz do seu presidente o desafio ao combate à corrupção está lançado, não só para aqueles que fazem parte da máquina governamental, e muito menos para quem representa o partido no poder.

Perante a essa iniciativa é preciso enxergar que o combate à corrupção é tarefa apartidária, imparcial, que exige esforço da sociedade; mas o exemplo, em sua grande maioria, deve vir sempre de cima. E quando falamos de cima nos referimos a todos, sem cair em redundância, até aqueles que vivem criticando e fazendo oposição, sem a mais mínima visão de que tudo na vida se precisam de grandes idéias e propostas. E exemplos que evitem, como por exemplo, que os fundos públicos destinados aos partidos políticos sejam desviados para outras finalidades, que não sejam meramente para contribuir no fortalecimento da democracia.

Além disso, depois de tantos anos de guerra, a própria miséria gerada por esse fenômeno contribuiu na formação de hábitos e valores que ajudassem a disseminação da corrupção, onde ser probo e exemplar para muitos era tido como um sonho ilusório. Assim, o combate à corrupção ultrapassa os limites legais, os limites da jurisprudência; é acima de tudo uma questão de princípios. E entre eles o da moralidade.

É aqui onde a moralidade deve ser a guia ou bússola da postura do gestor público, daqueles que estão à frente da organização do estado, sem, claro, de nenhuma maneira menos prezarmos os rigores da lei ou a norma.

* Nelo de Carvalho
Fonte:
http://www.blog.comunidades.net/nelo