Luanda - Gildo Faceira nasceu no interior do País, na província do Huambo, mas viveu cinco anos na Rússia com os pais, a partir dos seus 3 anos de idade. Em 1989, instalou-se em Luanda, para concluir parte da sua formação académica. Após a conclusão do ensino médio, o hoje jovem empresário viajou para Portugal, onde se licenciou em Matemática Aplicada na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Fonte: Mercado

Após o curso, surgiu a possibilidade de estagiar no departamento de Informática da multinacional do sector diamantífero De Beers, em Inglaterra, onde participou na elaboração de uma base de dados.


“Fiz o estágio e, como não quis ficar apenas por aí, acabei por fazer um mestrado em Investigação Operacional”, explica.


Já com o mestrado concluído, Gildo Faceira regressa a Angola, onde foi convidado para integrar os quadros da De Beers no País, com funções no mesmo departamento da empresa. “Foi um período de bastante aprendizado, conheci pessoas incríveis e fiz muito bons amigos”, conta.


Passados seis meses na empresa, foi convidado para um novo desafio, a docência, que diz ter abraçado com bastante agrado. “Fui professor de Matemática durante três anos na Universidade Agostinho Neto. Foi uma das melhores fases da minha vida, ainda sinto falta deste tempo”, revela.


Apesar de ter paixão pelo que fazia, Gildo Faceira entendeu que precisava de contribuir mais para o desenvolvimento do sector privado. E foi assim que ganhou corpo o “bichinho” pelo mundo empresarial. “Fui-me envolvendo cada vez mais com a gestão, e decidi ficar pela gestão de empresas. Tive de abrir mão da docência, porque não quis misturar as coisas”, recorda. O jovem decide então ‘embarcar’ com o pai num projecto familiar de agricultura, voltado para o cultivo de bananas, no Cuanza Sul, numa área que chegou a ter 150 hectares. Mas tal não era suficiente para o empresário, que entendia que devia diversificar o seu leque de negócios, e, assim, envolveu–se em outras áreas mais voltadas para a produção e para a indústria. “Depois de atingirmos os 150 hectares, comecei a entender que a agricultura é um risco muito grande, porque vive muito da dependência da chuva, dos recursos humanos, de alguma importação. Por isso, vi-me na necessidade de diversificar”, explica.


Em 2005, o empresário é convidado para se juntar aos quadros da Urbanova e Casacon, como director geral-adjunto, onde ficou por cinco anos. “Fui director das duas empresas ao mesmo tempo e consegui conciliar, porque eram ambas do mesmo grupo”, recorda, acrescentando ter tido “bons professores” que lhe deram “todos osinputs necessários”.


Neste grupo, Gildo Faceira esteve à frente de diversos projectos ligados à indústria. “Quando estava na Urbanova e na Casacon, em 2008, o País começou a verificar alguns problemas financeiros, e dediquei-me, no grupo, ao desenvolvimento de indústrias. Montámos uma indústria de produção de água e outra de óleos poliestireno expandido”, lembra o matemático.Gildo Faceira acaba por decidir criar o seu próprio negócio e dá vida à empresa Fivest, uma entidade ligada às áreas de gestão de negócios, pescas, restauração, retalho e prestação de serviços.


“Após sair da Urbanova e da Casacon, fui fazer um MBAem Negócios Internacionais na Birmingham Business School e, quando regressei, decidi ter a minha própria empresa”, explica. Todo o negócio traz consigo desafios – e com Gildo Faceira não foi diferente. A “grande luta” até hoje, confessa, é a gestão de pessoas. “Só se cresce se há bases, e hoje eu sinto que ainda há uma falta grande de recursos humanos”, admite. A sua empresa passou por um período difícil em 2014, com a chegada da crise financeira, mas foram tomadas medidas rápidas para fazer face à situação e dar volta por cima. A ajuda de pessoas experientes na equipa que já haviam passado pela mesma situação foi importante, afirma, e permitiu à empresa ter sucesso nos anos seguintes.