Luanda - DIREITO DE RESPOSTA DE SUA EXCELÊNCIA MINISTRO DO INTERIOR À ACUSAÇÃO DO SENHOR RAFAEL MARQUES.

Senhor “Jornalista” Rafael Marques de Morais:

Tomei contacto com a sua entrevista ao jornal Expresso, através da sua plataforma On-Line, onde para além de várias questões e delírios dever se na pele de Presidente da República, de que me abstenho de fazer qualquer comentário, acusou-me de ser o responsável de uma política de execuções extrajudiciais apresentando como única justificação a abordagem feita sobre o assunto com os principais comandantes da Polícia Nacional, matéria retomada no Jornal Expresso do dia 25 de Novembro.

O senhor foi longe demais…


Nem mesmo o seu ódio visceral ao Partido do Governo, o seu hipernarcisismo e a procura incessante de assumir posturas que possam elevar o seu ranking junto dos seus patrões deveriam ser motivo bastante para, em desrespeito aos mais nobres princípios consagrados na Constituição da República de Angola, nomeadamente os direitos mais elementares, como sejam os da inviolabilidade da integridade moral e intelectual, ao bom nome, a honra e reputação, à imagem e a reserva da intimidade, deforma gratuita, leviana, irresponsável e grave, fazer as acusações que fez e, muito menos, depois da conversa franca e aberta que mantivemos onde garanti que daria tratamento das suas denúncias mas que, por uma questão de lisura e não ser juiz em causa própria, deixaria que a PGR, para quem o senhor também enviou a denúncia, desse tratamento das mesmas, tendo o senhor concordado com tal visão e certamente estão a merecer tratamento desta e, em momento próprio, dar-lhe-ão a conhecer o desfecho das investigações e posso assegurar lhe que, caso se confirmem, serão responsabilizados os eventuais prevaricadores.

Coloco aspas no título de jornalista que o senhor de forma orgulhosa assume, de forma idêntica como assume na entrevista por ter sido (ou ainda ser )assalariado de George Soros, pois um jornalista que se preze deve ter sempre presente os princípios básicos que assentam o exercício desta tão importante profissão, como por exemplo o princípio do respeito pela imagem, bom nome, honra e dignidade de outrem.

Teve em mente que tal como o senhor tenho mulher, filhos, irmãos, familiares, amigos, colegas, subordinados, de quem recebo carinho, respeito e até admiração e que sentem-se profundamente tocados com esta infâmia?

O senhor diz ter falado com os principais comandantes da Polícia Nacional e que estes garantiram-lhe que nada têm a ver com o assunto e que só pode ser o Ministro. Tenta ocultar que Comandantes!!! Saiba pois que o Comissário Geral Ambrósio de Lemos, Comandante Geral da Polícia Nacional e única entidade com competência absoluta para vincular a Polícia Nacional , pessoa com quem o senhor abordou o assunto, por intermédio da Jornalista do Novo Jornal Isabel João, (que com os mesmos propósitos e consertação consigo também desferiu idêntico ataque), logo após o encontro que manteve consigo, por dever de ofício e lealdade (são palavras do Comandante) contactou-me, reportando o que tinha sido tratado no encontro que manteve consigo, informando-me que deu-lhe a conhecer que nem a chefia do Governo, nem a do Ministério do Interior, nem a da Polícia Nacional e do Servi ço de Investigação Criminal se reviam neste tipo de política e que, tal como eu também me referi na audiência que lhe concedi, lamentava o facto de não haver preocupação de nenhuma organização de defesa dos direitos humanos em relação aos mais de cem (100)Polícias mortos entre 2013 e 2017 em confronto com marginais e com outros tantos feridos e definitivamente incapacitados para a continuidade do exercício da profissão.

A sua ânsia de atingir o Ministro fez lhe ignorar simplesmente qual a função de um Ministro e os níveis de cadeias demando existentes. Procurou relatar os facto se a proceder o seu enquadramento temporal de forma a responsabilizar o SIC e ilibar a PN para, na sua ignorância, mais facilmente poder sustentar a sua ignóbil acusação, mal municiado por aqueles que consigo colaboraram na projecção deste ataque que tem relação com outros artigos encomendados e que visam atingir-me.

Saiba pois que foi esta pessoa que agora acusa de assassino que, enquanto Vice-Ministro do Interior e por orientação expressa do Presidente da República coordenou a comissão de inquérito num dos casos mais badalados e que envolveu um oficial Comissário e vários superiores e propôs que o mesmo merecesse tratamento criminal que culminou com a condenação de oficiais da Polícia Nacional.


Foi esta pessoa que o senhor acusa de assassino a quem o Presidente da República incumbiu a tarefa de tudo fazer esclareceras mortes de dois activistas, com graves repercussões para a imagem do país a nível nacional e internacional , e num trabalho digno de registo do Serviço de Investigação Criminal e posteriormente do Procuradoria Geral da República o caso ficou devidamente esclarecido e levado a justiça, abstendo-me, por razões de ética e demais princípios, de comentar os desenvolvimentos mais recentes e muito menos os ataques de que fui alvo e que têm certamente ligação com as suas fontes privilegiadas.

Esqueceu-se que esta pessoa que hoje o senhor acusa de assassino é a mesma que o senhor enalteceu pela resposta humana dada a uma situação de um correligionário seu, matéria que não interessa desenvolver aqui e agora e que postergo para quando escreveras minhas memórias, quando colocou-se à disposição para ajudar a resolver o problema que se apresentava na altura.


Foi esta pessoa que o senhor acusa de assassino que enquanto Ministro do Interior e sob o slogan Disciplina, Rigor e Controlo orientou que depurasse do seio do MININT todos os agentes nocivos e se tomassem medidas disciplinares duras, fazendo aprovar um Regulamento de Disciplina forte para os Serviços Executivos Centrais, tendo de 2013 a Junho de 2017 sido demitidos mais de 700 funcionários do Ministério do Interior, despromovidos cerca de400, aplicadas outras sanções mais leves e abertos mais de 220 processos-crime contra efectivos do MININT entre os quais, crimes cometidos no exercício de funções.

Tenho dito e assumo que sou um técnico emprestado à política. Nos meus quarenta anos de carreira, iniciados como simples Agente da Polícia Judici ária e posteriormente Perito Criminalístico, desempenhei, por mérito próprio, diversos cargos e funções, desde Chefe de Secção, Chefe de Sector ,Chefe de Departamento, Director Nacional Adjunto, Director Nacional ,Vice-Ministro e, actualmente Ministro, sem nunca ter sido sancionado e nunca ter respondido a qualquer processo disciplinar ou criminal. E surge agora o senhor procurando manchar esta carreira, modéstia à parte, irrepreensível!!!


Não pretendo defender quem quer que seja, pretendo apenas demonstrar- lhe que esta política de que o senhor irresponsavelmente acusa-me de liderar não existe e que portanto a forma que procurou utilizar na qualidade de caixa-de-ressonância dos meus detractores foi a todos os títulos inadequada, baixa e inqualificável , enfim o senhor foi longe demais.

O senhor ofereceu todos os motivos e mais alguns para processá-lo. Mas não o farei,pelo menos por agora, pelas seguintes razões:

1º )Para não ser acusado de pretender coartar o seu direito de denunciar o que pretende;

2º )Para não satisfazer o seu incessante desejo de ser processado, e preferencialmente condenado, para com isto passar por vítima de um processo político e aumentar, tal como me referi antes, o seu ranking junto daqueles que o usam como marionete nas guerras contra Angola e, por dificuldades de passar a mensagem para Angola pelo canal televisivo contratado, recorrem aos demais meios do mesmo grupo para o efeito.

3º )Porque a proveniência dos valores para indemnizar me é tão indigna que não merece ser recebido por pessoas íntegras nem mesmo para oferta a instituições de caridade.

Alguns conselhos senhor Rafael Marques:

-Pense na triste mensagem que passa sobre o seu próprio país l á fora quando procura cimentar os seus créditos como aquela mensagem de que depois da independência apenas se construiu um hospital;
-Respeite a classe jornalística;
-Respeite a dignidade dos outros;
-Critique e denuncie os crimes, erros e falhas de quem quer que seja, mas respeite os direitos de outrem;

Não vou sequer pedir que se retrate, pois retratar-se é uma virtude digna de pessoas com carácter e dignidade que o senhor, mais uma vez, demonstrou não ter.

Não voltarei a reagir a qualquer ataque ou acusação sua e muito menos a reacção a esta exposição que os contratados a soldo de quem representam nas redes sociais e nos jornais onde trabalham lançarão.

Apesar de saber o que faz, que Deus lhe perdoe.